Neste 5 de março, Antônio Gonçalves da Silva, o eterno Patativa do Assaré, completaria 116 anos.

Neste 5 de março, Antônio Gonçalves da Silva, o eterno Patativa do Assaré, completaria 116 anos. Cantador, repentista, compositor e referência da poesia popular brasileira, o filho de Assaré deixou um legado que atravessa gerações.

Patativa foi porta-voz do povo excluído de seu tempo e denunciou as desigualdades sociais. Criou versos que retratavam a vida simples do homem do campo e preservou a oralidade de seus saberes profundos. Sua voz e sensibilidade única ultrapassaram as fronteiras do Ceará.

As obras “Inspiração Nordestina” (1956) e “Cante Lá Que Eu Canto Cá” (1978) lhe consolidaram entre os grandes da literatura nacional. O cearense deixou sua arte registrada em livros e discos. A partir deste reconhecido acervo, vários outros artistas, pesquisadores, memorialistas e historiadores tiveram o primeiro contato com a literatura e puderam desenvolver seus trabalhos.

Os versos de Patativa ganharam vida na interpretação de artistas como Luiz Gonzaga (1912-1989), que eternizou os versos de “Triste Partida”, um dos mais profundos retratos acerca da migração nordestina.

Quase duas décadas após sua morte, em 2002, a memória do cearense prossegue como inspiração para sua gente. O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), criou e concede a “Comenda Patativa do Assaré”. Além de homenagear o poeta, a honraria celebra aqueles que dedicam suas vidas à arte e à tradição popular.

Criada pela Lei Estadual n.º 16.511, de 12 de março de 2018, esta iniciativa reforça o compromisso do estado com a valorização dos saberes e fazeres do povo, incentivando a preservação e difusão das manifestações culturais.

A condecoração é dada a pessoas que se relacionam com uma ou mais linguagens artísticas (música, teatro, dança, circo, literatura, cultura alimentar, artes visuais, humor, moda, expressões culturais afro-brasileiras e indígenas, dentre outras) e/ou a cultura tradicional popular (reisados, lapinhas, caretas e bois, entre outras).

No aniversário de 116 anos de seu nascimento, Patativa do Assaré continua ecoando os fazeres e saberes de um povo, reafirmando a tradição e a memória dos nordestinos.

Para salvaguardar e projetar a arte do poeta, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) reúne rico acervo e traz ao público um especial encontro com as obras de Patativa, bem como autores e autoras que o estudaram.

Ao visitar o espaço público do Governo do Ceará, os visitantes podem apreciar as obras no setor de “Coleção Ceará”. O acervo é composto por uma série de trabalhos como poemas, cordéis, biografia, coletâneas e publicações acadêmicas.

A Bece reúne títulos como o já citado “Cante lá que eu canto cá”, “Patativa em sol maior: treze ensaios sobre o poeta pássaro” (2009) e “O melhor do Patativa do Assaré” (2020), lançado pela Secult Ceará e organizado pela referência nacional nos estudos de cultura popular, o professor, pesquisador e comunicador Gilmar de Carvalho (1949-2021).

Foto Acervo Ney Vital