O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pretende fazer tramitar, na semana seguinte ao carnaval, um projeto propondo aumentar o número de deputados dos atuais 513 para 527. Seria a primeira mudança no número de membros da Casa desde 1993.
A discussão sobre a representatividade de cada unidade da federação na Câmara não é nova, mas o Censo de 2022 mostrou que, considerando as mudanças populacionais, alguns estados estão sub-representados — enquanto outros têm deputados sobrando. Por conta de uma ação movida pelo Pará, em 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo até 30 de junho para que o Congresso reveja a distribuição de cadeiras da Casa.
Se até lá o Legislativo não editar uma lei complementar sobre o tema, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinará o número de cadeiras de cada unidade da Federação que terá nas eleições de 2026. Isso precisará ser feito até outubro, um ano antes do pleito, conforme prevê a Constituição.
Segundo dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), se as cadeiras foram redistribuídas sem acréscimo de outras novas, como quer Motta, 14 estados sejam afetados. Perderiam vagas: Rio de Janeiro (quatro), Rio Grande do Sul, Piauí, Paraíba e Bahia (duas), Pernambuco e Alagoas (uma). Ganhariam: Pará e Santa Catarina (quatro), Amazonas (duas), Ceará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso (uma).
Motta não quer desagradar os deputados dos estados que perderão cadeiras nesse novo modelo. Quer dar um jeito de todos saírem ganhando. Para explicar isso, passou a repetir as dúvidas levantadas pelas bancadas “prejudicadas” sobre a confiabilidade dos dados do Censo.
“Tem muito questionamento sobre o Censo, realizado no pós-pandemia. Perder essa representatividade é perder orçamento, tirar vozes importantes e os objetivos também não é justo. Quem cresceu tem o direito. Penso que a solução seria um acordo, combinado com o Supremo, para que se aumentasse a quantidade de deputados federais e ninguém perdesse”, disse Motta.
“Temos que fazer isso até junho, e tenho de ter a garantia de que o presidente Alcolumbre vote (o projeto) no Senado. Temos que fazer o dever de casa para que isso não represente aumento do custo da Casa”, acrescentou. O aumento de custos com a proposta, no entanto, é quase certo, já que seriam mais 14 deputados a receber um salário de R$ 44 mil, benefícios como auxíliomoradia e verba de gabinete.
Deputados de estados que ganharam vagas na Câmara defendem a iniciativa. Os estados que perderiam representatividade, como é o caso do Rio de Janeiro, protestam e falam em perda de recursos, já que cada deputado tem direito a emendas milionárias para suas bases eleitorais.
Para o doutor em ciência política Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a ideia de Motta é um “equívoco”, pois colocará os parlamentares no centro de uma pauta negativa. “O aumento do número de vagas gerará aumento dos custos. Pesquisas de opinião revelam uma confiança reduzida dos eleitores com o Congresso. Trará notícias negativas, principalmente agora, que o debate é o controle do gasto público”, avalia
Além do aumento de gastos, fica claro que a proposta de Motta dá continuidade ao corporativismo defendido pelo antecessor, Arthur Lira (PP-AL) — ressalta o político político Eduardo Grin, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Cada vez mais, os presidentes da Câmara e do Senado são presidentes de organizações sindicais. Representam a si mesmos, não têm vergonha de assumir que não estão representando a sociedade. O Parlamento se acha o verdadeiro poder, com capacidade de fazer qualquer emenda, pois emendas constitucionais não precisam se submeter ao veto presidencial”, observa.
Correio Braziliense Foto reprodução Camara Deputados
2 comentários
25 de Feb / 2025 às 07h36
Estão achando pouco o tanto de parasitas que ja temos?? Se aumentar os deputados, aumenta os deputados estaduais e veradores. Como dizia CAZUZA: QUE PAÍS É ESSE???????????????
25 de Feb / 2025 às 11h39
Estes ordinários não fazem nada de bom? Deveria diminuir a quantidade de deputados federais, de 513 ,vir pra 250 deputados federais!temos aí um código penal CADUCO, hoje se comete um latrocínio fugiu do flagrante depois se apresentam com advogados na audiência de custódia e ai liberados ! Tem acabar com audiência de custódia, tem que acabar com o flagrante que é um incentivo a praticarem INFRAÇÕES! tem que fazer novas leis para combater crimes, seja praticados por civis ou até mesmo por militares ou funcionários