Como foi bom ser criança e hoje lembrar com saudade das brincadeiras de escorregar na garagem de casa com sabão em pó e água, de elástico filando a aula na escola, trocando papel de carta, pulando amarelinha. Recordo das missas, eu sempre com uma bolsa da Xuxa cheia de pirulito e contava as horas pra colocar a oferta. As datas comemorativas sempre foram importantes, eu fingia que dormia só pra ver se meu presente estava debaixo da cama, e lá estava ele sempre em cima de meu sapato esperando o dia amanhecer e a alegria tomar conta daquele momento.
Quando eu era criança lembro os domingos que meu avô Wilson chegava com bastante merenda encantando com os chocolates surpresa da Nestlé, aqueles que fazíamos coleção dos animais de zoológicos. E quando meu pai me agitava naquele balanço com bastante força empurrando no limite mais alto daquela árvore de castanhola, quando ele chegava que batia na porta e eu perguntava. Quem é? E ele respondia: É seu pai. E eu correndo para abrir a porta falava, não é ninguém não mãe é pai, então meu pai foi batizado como ninguém.
Minha mãe num trajeto longo buscava-me na escola, pegava a panela de comida na casa de minha avó Maninha, ia pra casa, depois voltava pra loja que trabalhava e eu com os livros e as bonecas parava nas calçadas com dor desviada para descansar e até brincar era a funcionária mirim fazia até serviço de banco. Era uma criança ativa e nas disputas com os meninos eu queria levar a melhor vantagem, era desembestada, corria demais, falava demais, perguntava demais.
Vivenciei também momentos de conflitos familiares, mas nem por isso deixei de ser criança, reconheci desde cedo que amei meu pai, que queria cuidar dele. E sei que todas as dificuldades que enfrentei me fortaleceram para o mundo de hoje.
E foi fazendo a retrospectiva da minha história que me encontrei nas emoções de uma criança que eu amo chamada Joyce. A cada encontro uma novidade sai da boca dessa pequena menina sonhadora, com apenas oito anos ela encanta com seu jeito adulto e maduro de ser. Não tem tempo ruim para Joyce, ela inspira amor e transmite uma energia de querer bem. E tem nela algo intrigante que é a descoberta das coisas a qual quer conhecer.
Nasce a menina Joyce. Brincadeira de faculdade? Não sei, momento de deleite ou loucura? Também não sei, o que eu sei é que lembro como hoje quando fiquei sabendo da gravidez dessa amiga e me coloquei na situação afirmando que aquela criança não tinha culpa dos momentos, dos problemas, das dificuldades, da situação, e que ela queria nascer, que ela devia nascer. Então veio Joyce no dia 30 de setembro de 2003, parto normal, filha de dois seres humanos, talvez humanos, também não sei, mas sei que para que Joyce nascesse um casal foi capaz de diante de sua intimidade permitir que seus limites fossem ultrapassados. E de quem é a culpa? Essa tão grande culpa de gerar um ser como Joyce?
Que bom que alguém foi culpado e que o mundo tem uma menina com tanta firmeza de dizer que tem um pai, mas que ele é desconhecido, como afirma um de seus desenhos enquanto idealiza sua família, mesmo com o nome de seu pai entre parênteses. Alguém que balbucia o desencontro desse papel de pai e mesmo assim sente amor infinito no peito só podia ser Joyce. Creio que não seja uma tarefa fácil para sua mãe explicar à ausência do pai e ainda não controlar um sentimento impulsivo que movem todas as suas angustias.
Joyce também não deixou de ser criança, autêntica e corajosa planeja sua vida, e tem algo indescritível que é o seu anseio em vencer. Joyce irá surpreender muita gente com sua sabedoria de mulher e há uma força interna que a move pela falta do amor de pai, que é a de ter certeza que tem um pai. O potencial dela só a vida vai contar. O que eu sei é que Joyce assim como eu um dia vai dizer: Mesmo assim eu te amei, mesmo assim eu te perdoei, eu também te respeitei porque você me deu a vida e a vida me ensinou a ser quem eu sou, minha benção meu pai, estarei aqui na sua vida ou na sua morte te estendendo minha mão porque sou sua filha.
Que no dia das crianças não fiquemos presos só a presentes e guloseimas porque no mundo infantil o afeto também é muito importante e alimenta o ego para sempre. Que Deus abençoe as famílias, os pais e mães e que muitas Joyces possam existir para nos ensinar e nos inspirar em buscar sempre o caminho da paz e felicidade dando sabedoria para os adultos crianças que existem no mundo.
Carla Lorena Pesqueira Macedo Maia Pedagoga
21 comentários
12 de Oct / 2011 às 15h55
Quanta sensibilidade, prezada Lorena! Realmente, as histórias de vocês se relacionam, embora na sua, você tenha tido o prazer de conviver e poder amar seu pai de perto até a última oportunidade, na de JoYce, os caminhos percorrem por vias diferentes...ela tem muito amor pra dar, mas lhe falta oportunidade!Porém, o que uma simples criança linda e inteligente pode fazer pra alterar os caminhos de uma longa vida, que apenas só começa a se desenhar???Que poderes ela tem em suas pequenas mãos para traçar um futuro promissor, sem a ajuda e amor de quem lhe trouxe ao mundo???Mas parece que a pequena vai além disso, não é? Se algumas "partes" da vida não lhe dão o que ela espera...a danada corre atrás! Soube que a mudança de cidade fez muito bem à gatinha!!! Tá fazendo até programa de rádio!!!!!Com certeza, ela é rodeada de amor verdadeiro para poder ter tanta força de vida dentro de si... Boa sorte a Lorena e à Joyce na conquista de seus sonhos! Que Deus ilumine os seus passos! Bj, Colega...
12 de Oct / 2011 às 16h06
Lorena, Mais uma vez, você surpreende esbanjando ternura e sensibilidade... Conheço esta história de Joyce! Ela é realmente brilhante! Esta menina vai longe! Criança precisa é de respeito, carinho e muita atenção (isso é amor)!!!! Abraços, Sua eterna amiga
12 de Oct / 2011 às 20h19
O que dizer? EMOCIONATE! Lorena, vc cada dia que passa vc nos mostra uma realidade diferente da vida! E falar nesse dia das criaças de Joyce, é nos fazer refletir muito sobre a vida.Ela é uma pequena admirável, e com certeza Deus vai olhar para ela e sua mãe, ambas especiais! Essa leitura me trouxe recordações de família, da minha e de outras, do nosso tempo de UNEB, da pequena Joyce, tão especial e inteligente! Uma pequena cheia de encantos e sonhos...De uma coisa tenho certeza que Joyce tem uma Super MÃE, todas as mães são super mas, a MÃE DE JOYCE É SUPER SUPER MÃE! Obrigada Lorena, agradeço a Joyce também por ter inspirado essa produção! Beijo a gente se encontra por aí...
12 de Oct / 2011 às 22h37
Lorena,
Parabéns pela sensibilidade ao discorrer sobre a sua trajetória e a de nossa amada Joyce! Você é uma doce guerreira!... Fico triste e sentida ao ver o sofrimento que ele causa a este ser e temo pelo que pode deixar de "herança cruel" como marcas para a vida adulta.
Entretanto, quando percebo o brilho que ela distribui, o amor que exala e a ternura que desperta em todos que a cercam, concluo que o azar é dele...Oro para o sucesso desta menina em todos os setores de sua vida e oro também por sua mãe, que a cada dia dá um show de superação e me encanta com o seu jeito de ser. Que Deus as abençoe sempre!
Fica com Deus, Lore!
bjs
13 de Oct / 2011 às 09h38
É realmente esse PAi não sabe o que tá perdendo em não aproveitar essa oportunidade de estar ao lado de tamanha luz que é essa pequena! Que ela possa chegar ao longo dos seus anos e olhar para traz e compreender que tudo foi como tinha que ser e que nada lhe faltou, pois sempre teve uma Mãe Leoa do seu lado! Parabéns pelo texto Lorena, muito lindo!
13 de Oct / 2011 às 11h23
Olha só! Não conheço a história mas fiquei emocionada com a sensibilidade da autora. Com certeza, você é guerreira e esta criança também! O pai ausente é que tá perdendo a chance dada por Deus de consertar seus equívocos...Ainda há tempo! Oro pra Deus tocar o coração desta pessoa para que ainda tenha tempo de amar o serzinho que ajudou a colocar no mundo.
Abraços!
13 de Oct / 2011 às 11h26
Cara, Se eu fosse vc, corria atrás deste negócio enquanto tem tempo! Tamo nos fins dos tempos, cara! Não é todo dia que encontramos alguém querendo nos dar amor, não!!!!! Se ligue, irmão.
13 de Oct / 2011 às 14h48
Que lindo Ló!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Mensagem verdadeira, de pessoas reais. Nossa pequena Joyce é uma menina muito abençoada. Sua mãe, uma das minhas melhores amigas. Admiro-a tanto pela sua paciência, maturidade e generosidade. Pessoa que tem o coração enooooooooooooorme e com um entusiasmo para viver que me impulsiona. Joyce veio a esse mundo com inteligência e esperteza. Menina linda por dentro e por fora!! Minha pequena, nessa história quem está perdendo não é vc. Não tenha dúvida disso. Temos orgulho em tê-la conhecido e convivido com sua pureza e inteligência. Amiga Yo adoro vc e a cada dia mais tenho orgulho de ti.Lorena, vc como sempre nos surpreendendo com suas palavras!
13 de Oct / 2011 às 15h41
Lorena, Você não é uma estudante de psicologia. Você já é uma psicóloga formada pela vida, pelo amor a sua família, e pela dedicação aos seus amigos! Não imaginava que você conhecesse tão bem a minha menina. Aflições à parte, me orgulharei sempre de poder dizer que só eu sei "a dor e a delícia de ser" MÃE DE JOYCE!!! Parabéns AMIGA!!!!
13 de Oct / 2011 às 16h12
Reflexivo!!!!!!!! Nos últimos dias surgiram várias campanhas em prol das crianças nas mais diversas redes sociais. Como os outros, que esse texto també nos faz refletir sobre o nosso cotidiano tão repleto de histórias de Joices, que tem em sua infância a ausência de pai e mãe. Embora a justiça brasileira tenha logrado alguns êxitos no tocante ao reconhecimento de paternidade, ela ainda não tem como obrigar pais (e mães também) a amarem seus filhos. Até por que o amor é um sentimento voluntário. O amor não se obriga, não se compra, não se vende, não se negocia. O amor é a pura expressão da nossa vontade, da nossa consciência e dos nossos princípios. Espera-se que no próximo doze de outubro não apenas a menina Joyce, mas várias crianças tenha a presença materna e paterna em suas vidas.
13 de Oct / 2011 às 22h24
Cara Lorena, não te conheço mas posso dizer que conheço a Joyce juntamente com sua mãe. Posso ver a sua sensibilidade ao falar de crianças pois voce ao que me parece foi uma criança feliz e também sonhadora, hoje esta realizando e pondo em prática seus sonhos e inspirando- se em outra criança. Quanto a essa menina Joyce assim como outras com certeza serão mais do que vencedoras pois como já lí em um dos comentários essa menina tem uma super mãe, assim como muitas crianças neste mundo. Eu posso dizer que tenho ainda Super Pai e Super Mãe presentes em minha vida, devo à eles e a Deus tudo o que sou!!!. A voce continuo desejando sorte e sensibilidade sempre para observar várias meninas, meninos e adultos como já observa e vê nas dificuldades da vida uma vida de sonhadores.
13 de Oct / 2011 às 23h01
Sou leitora deste blog, mas poucas vezes me emocionei tanto com um post como com este. Fiquei impressionada com a meiguice demonstrada pela Lorena, assim como sentida pela trajetória da Joyce. Não conheço os personagens da história da menina Joyce, mas oro à Santíssima Trindade para que iluminem a vida desta criança e de sua mãe, para que a ausência deste homem seja vivenciada com menos dor. Sei que a vida traz momentos nos quais não conseguimos agir como gostaríamos... Talvez seja esta a situação deste pai. De qualquer forma, oremos para que o Menino Jesus toque seu coração e o encha de amor.
13 de Oct / 2011 às 23h06
Ló, lindo texto! Como sempre, você demonstrando sensibilidade e sapiência. Você nunca poderia ser diferente, transborda amor de você! Espero que a Joyce seja da mesma forma e que os percalços da vida não a transformem em alguém amargo e sem amor. Mesmo sem conhecer a menina, sua mãe e/ou seu pai, concordo com os que disseram que quem perde é o pai. Ah, linda frase, Yolanda: "Aflições à parte, me orgulharei sempre de poder dizer que só eu sei "a dor e a delícia de ser" MÃE DE JOYCE!!! Parabéns AMIGA!!!!" Aplaudo você de pé!!
13 de Oct / 2011 às 23h08
Será que alguma das pessoas que conhecem a história de Joyce pode dar maiores detalhes do caso?
14 de Oct / 2011 às 23h13
Lorena, seu texto só reflete a pessoa linda e sensível que você é, apesar do seu jeito maluquinho.Tenho orgulho em ter amigas como você e Yolanda. E quanto à Joyce, sabemos o quanto ela é especial e o quanto sua mãe tem sido guerreira.Só ela poderia dizer esta frase:"...só eu sei a dor e a delícia de ser mãe de Joyce.Deus quis nos presentear com a presença de Joyce no mundo e por isso ela é tão especial.Um grande abraço amigas!Saudades...
14 de Oct / 2011 às 23h38
Lorena, foi impossível ñ me emocionar com esse texto cheio de sabedoria e de uma precisão incrível. Sei da precisõ porque recebi de Deus o prazer de conviver com essa estrelinha maravilhosa que irradia alegria e conquista a todos com a sua precoce sabedoria e inteligência. Joyce me surpreendeu pela primeira vez quando, antes da apresentação do musical "A fantástica fábrica de livros", todo elenco infantil foi ao programa que apresento na Rádio Comunitária Zabelê FM aqui em Remanso, para um entrevista de divulgação. Percebendo a sua desenvoltura e espontaneidade, conversei com sua mãe, amiga de adolescência e ex-colega do curso de contabilidade/94 e hoje, Joyce participa brilhantemente do Sábado Show e é motivo de muitos elegios por nossos ouvintes. Todos querem conhecer essa pequena comunicadora que cativa com a sua alegria e desenvoltura na leitura. Joyce tem brilho próprio. Joyce transborda amor e carinho e eu agradeço a Deus pela dádiva de conviver um pouco com essa estrela de amor.
15 de Oct / 2011 às 18h59
Lorena, seu texto me emocionou muito, e me fez também lembrar daquela época da faculdade, das angustias e dúvidas da mãe de Joyce e o mundo desconhecido que seria a maternidade para ela. Mais como uma pessoa forte e determinada que sempre foi, tirou tudo de letra e ainda se viu abençoada por ser mãe de uma criança iluminada como Joyce, uma verdadeira estrelinha. Nada é por acaso; se esse pai é ausente na vida da pequena talvez seja por que ele realmente não tenha nada a acrescentar, pois amor, carinho e atenção ela já tem de sobra, a sua espontaneidade e a felicidade que vemos nos seus olhinhos é uma prova disso! Beijos
16 de Oct / 2011 às 22h06
É A MINHA PRIMA É A MINHA PRIMA É A MINHA É A MINHA PRIMA É A MINHA PRIMA É A MINHA PRIMA É A MINHA PRIMA É A MINHA PRIMA TE ADORO PRIMINHA E VAMOS LUTAR JUNTOS VIU BEIJOS
16 de Oct / 2011 às 22h46
Poxa q história...não conheço a Joyce, nem sua mãe, mas ambas são guerreiras, e a Joyce com certeza já é uma vitoriosa...
17 de Oct / 2011 às 15h18
Olá pessoal. Que bom que admiraram os contos, a intensão realmente não é achar culpados pela história e nem afrontar um passado existente na vida das pessoas. Sei que da vida não levamos nada e o que vai ficar com certeza é mais uma história pra contar. Para Yolanda e minha querida Joyce muita paz e sabedoria e para o pai de Joyce, não acredito que ele seja um homem ruim, apenas vejo que ainda existem homens fracos, sem pulso, sem coragem para assumir suas realidades independente dos erros e acertos da vida. Algo me diz que ainda devemos acreditar nas pessoas, no perdão, na busca da paz para todos e principalmente para as famílias. Que ainda exista tempo para se refletir e se conquistar o amor mais bonito que pode existir entre duas pessoas, que é o amor de pais e filhos. Um abraço!
17 de Oct / 2011 às 19h49
Simplesmente, Parabéns...