Pipoca Moderna: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sebastião Biano e a valorização das Bandas de Pifanos

A Banda de Pífanos de Caruaru (PE) tinha quase 50 anos de atividade, quando foi descoberta pelo grande público.

O responsável por apresentá-la ao Brasil foi Gilberto Gil, ao incluir no LP Expresso 2222 (1972) o tema instrumental Pipoca moderna. Depois Caetano Veloso colocou letra e a gravou no álbum Jóia (1975), portanto, 50 anos, uma data que merece destaque.

"Nosso trabalho já era bem conhecido em Pernambuco e em Alagoas, pois o grupo tocava bastante em cidades desses estados. Aí, ao voltar do exílio em Londres, o Gilberto Gil foi a Caruaru fazer pesquisa musical e tivemos um encontro. Tocamos Pipoca moderna, ele ficou entusiasmado com o que ouviu e gravou na hora. Para nossa surpresa, registrou a música no Expresso 2222. A partir dali as coisas mudaram para nós", recorda-se João Biano, neto de Manoel Clarindo Biano, criador da banda.

A Banda de Pífanos de Caruaru tem 100 anos, um século de atividade, arte passada de pai para filho no interior pernambucano Representante da segunda geração dos Biano, João, que toca zabumba e é vocalista, lidera a Banda de Pífano de Caruaru há 50 anos. "Pipoca Moderna" é uma canção que, através de sua estrutura poética e complexa, convida o ouvinte a refletir sobre temas profundos como a mudança, a resistência e a esperança.

Sebastião Biano, era o mais antigo da banda. Faleceu aos 103 anos, no anao de 2022. A Banda de Pífanos de Caruaru lançou poucos discos ; apenas oito, São seis LPs e dois CDs. Com o mais recente, No paito do forró do século 21, conquistou o Grammy Latino em 2005.

Nos anos 1970, já com a banda conhecida em todo o país, Sebastião Biano estabeleceu-se em São Paulo.

Sebastião, que com a Banda de Pífanos influenciou movimentos como a Tropicália e o Manguebeat, aprendeu a tocar pífano aos cinco anos de idade. Ainda na infância se apresentou para o cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião, cena que não saiu da memória do artista enquanto viveu.

Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel". A expressão, licença poética é do professor doutor em Ciência da Literatura, Aderaldo Luciano.

"Uma das manifestações culturais mais emblemáticas da cultura são as bandas de pífano", finaliza o professor Aderaldo Luciano.

RedeGN Foto Ney Vital arquivo pessoal