ANPD determina suspensão de coleta de dados biométricos pela íris no Brasil

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou, nesta sesta-feira (24), a interrupção da “oferta de criptomoeda ou de qualquer outra compensação financeira pela coleta de íris de titulares de dados no Brasil”.

A ordem diz respeito as ações da empresa multinacional Tools for Humanity – TFH, que já coletou mais de 400 mil dados biométricos de brasileiros pelo escaneamento da íris. 

A decisão administrativa da ANDP ocorre dois meses e meio depois da entidade ter iniciado fiscalização sobre o tratamento de dados biométricos pela companhia, fundada em 2019 e sediada em São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, e Munique, na Alemanha. Segundo a reportagem da Agência Brasil, a mais de um milhão de pessoas já baixaram o aplicativo no Brasil e mais de 400 mil permitiram o escaneamento da íris.

A TFH se apresenta como uma “empresa de tecnologia que desenvolve projetos para humanos na era da inteligência artificial”. O propósito da coleta de íris humanas alimentaria a plataforma World ID útil para “a comprovação de que o titular é um ser humano único vivo” e assim “promoveria maior segurança digital em contexto de ampliação das ferramentas de inteligência artificial.”

Na avaliação da ANDP, a oferta de criptomoedas contraria a Lei Geral de Proteção de Dados, que estabelece que o “o consentimento para o tratamento de dados pessoais sensíveis, como é o caso de dados biométricos, precisa ser livre, informado, inequívoco e fornecido de maneira específica e destacada, para finalidades específicas”.

À Agência Brasil, Karen Borges, gerente Adjunta da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) alerta que "não sabemos ainda como essas informações serão utilizadas quando associadas em conjunto com algoritmos avançados, além da inteligência artificial (IA), podendo ser aberta uma porta para abusos, crimes e irregularidades”, conclui. 

Bahia Notícias/Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil