Mais de 33 mil mortes por ano, média de 92 diárias. Esses são os registros de mais de 1 milhão de acidentes de trânsito no Brasil em 2022, divulgados pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho.
Também vemos e ouvimos nos noticiários momentos de violência no trânsito, desencadeada pelos mais diversos fatores. Coca Ferraz, professor da USP em São Carlos e autor de livros sobre segurança no trânsito e mobilidade urbana, explica que, para que a direção nas cidades seja mais tranquila, é preciso pensar em três pontos: segurança, lentidão e comodidade.
Com relação à segurança, segundo ele, é inconcebível que as pessoas morram em acidentes. Já a lentidão é muito desagradável e indesejável, sobretudo nas cidades grandes – e quase impossível evitar. Quanto à comodidade, “que a pessoa saiba onde fazer conversões, que faixas utilizar, isso está associado também à sinalização, que é muito importante”.
Também são necessárias três áreas para obter segurança, sem muita lentidão e conforto ao dirigir. No meio técnico costuma-se dizer que são três “es”: engenharia, educação e esforço legal. “A engenharia envolve desde sinalização, geometria adequada nas vias, uma operação adequada do trânsito. A educação envolve dois aspectos: primeiro o comportamento do usuário no trânsito, seja do motorista, seja do pedestre, se portando adequadamente, respeitando a sinalização, respeitando o próximo, respeitando as pessoas que compartilham com ele o espaço viário”, complementa Ferraz. “Há também a questão da habilidade. É preciso treinar as pessoas, dar noções teóricas e treinamento prático para que elas tenham habilidade, isso vale sobretudo para os motoristas, mas vale para os pedestres, sobretudo para as crianças. E, por último, o esforço legal, que envolve a fiscalização do trânsito e a efetiva punição dos infratores, para que não desobedeçam as leis e coloquem em risco a sua vida e a vida das outras pessoas.”
Educação no trânsito nas escolas-Na opinião do professor, a educação no trânsito deveria ser uma atividade contínua, começando nas escolas e ao longo de toda vida. Contar com campanhas educativas, palestras para adultos nas empresas e para as crianças em especial, pois estão formando conceitos de educação e de habilidade. As escolas devem muito assunto sobre educação para o trânsito. Como as crianças têm que se comportar, a questão do respeito ao próximo, treinar como se comportar com o pedestre ou com o ciclista. Infelizmente não temos no Brasil e nas escolas nada voltado para uma efetiva educação no trânsito para crianças. Isso deve ser revertido e modificado, apesar de já ser contemplado na lei, destaca o engenheiro.
A violência no trânsito é um problema da realidade socioeconômica do País, diz Ferraz. “Isso é produto do meio. Nós temos violência em todos os aspectos no Brasil, na questão política, essa divisão muito forte. Tudo isso, somado a outros aspectos, acabou gerando essa violência na sociedade que evidentemente reflete no trânsito. Para melhorar a violência no trânsito é preciso combater a violência na sociedade.”
O especialista acredita ser possível mudar essa realidade de violência no trânsito. Seria necessário criar uma cultura na educação para o trânsito de respeito ao próximo, mas que envolvesse toda a sociedade.
“O grande desafio no Brasil é criar isso com um país ainda em desenvolvimento, em um país pobre. É complicado, com um PIB per capita baixo em relação aos países desenvolvidos. Mas a gente tem que lutar e acredito que, no futuro, vamos conseguir também ter uma cultura de segurança para o trânsito, uma cultura de não violência que se reflita no trânsito também.”
Agencia Brasil Foto Arquivo Agencia Brasil
1 comentário
10 de Dec / 2024 às 07h52
Me informe, por favor, se já foram completadas as obras viárias em Juazeiro