Artigo – “À espera de um milagre!”

Parodiando o título de uma bela produção cinematográfica americana, só nos resta esperar que um milagre divino efetivamente aconteça em favor do Mundo. Como se não bastasse uma guerra contra um vírus que já matou 7.8 milhões de pessoas, os chamados líderes mundiais estão inflamados por uma guerra em torno de um poder territorial estratégico e político, cujas consequências são imprevisíveis!

A Segunda Guerra Mundial teve uma duração de 6 anos – de setembro de 1939 a setembro de 1945 -, durante a qual morreram em torno de 60 milhões de pessoas, sendo 40 milhões de civis e 20 milhões de soldados. Tem algo mais estúpido? Certamente, tem sim!

Essa tragédia teve o seu final decretado após o lançamento de duas Bombas Atômicas pelos americanos sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Agora, decorridos 77 anos o mundo volta a encarar o fantasma de uma possível catástrofe nuclear...! Só que, enquanto aquelas bombas tinham um poder de destruição ainda desconhecido, hoje o seu poder causa pânico e, se usadas, poderá significar o início e fim imediato de um conflito, do qual poderão sair só vencidos e não vencedores. Ou seja, seria como um ponto final para boa parte da humanidade...

O mundo talvez desconheça e não saiba estimar que o total de Ogivas Nucleares supera o número de 14 mil bombas, em poder dos EUA, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Coréia do Norte e Israel. Pasmem, desse total cerca de 13.350 estão em poder das duas grandes potências mais armadas: EUA e Rússia! Esse é o mundo que fala em paz!

Nada mais contundente do que as palavras de um sobrevivente de Hiroshima, Sr. Shinji Mikamo, que expressam o sentimento de quem viu o momento da explosão da bomba: “Era o ruído do universo explodindo”!  

Assim, diante desse quadro sombrio, estamos testemunhando um cenário de guerra bastante estranho! O grande receio da humanidade era que a Rússia viesse a atacar de forma desafiadora, a qualquer Nação do bloco da OTAN-Organização do Tratado do Atlântico Norte, constituído por 30 Países, o que exibiria o risco da imediata contrapartida, talvez nuclear, o que seria fatal.

A grave perplexidade, contudo, é que estamos assistindo a duas Guerras simultâneas. Uma, inteiramente desigual, em uma batalha armada entre Davi (a Ucrânia) e Golias (a Rússia), e as consequências de destruição e morte que só aumentam, além de mais de 1,0 milhão de ucranianos que já buscaram a fuga pelas fronteiras vizinhas, com milhares de crianças vivendo esse tormento (vide foto). A outra Guerra paralela é a Econômica, cujas batalhas escolhidas pelos EUA e os países europeus, são travadas nas Bolsas de Valores, e com bloqueios e restrições aos negócios com empresas e produtos oriundos da Rússia, na tentativa de destruir a sua economia. Com tanta destruição na Ucrânia, e o Vladimir Putin afirma que não há guerra nem invasão... apenas uma “Operação militar especial”! Quanta estupidez!  

Diante desse contexto bélico mundial, o papel do Brasil não chega a ser relevante. Todavia, equilíbrio, coerência e sensatez é o mínimo que se espera de um Estadista nesta hora, e não a realização de uma visita protocolar ou diplomática do Presidente ao País agressor, que já estava prestes a deflagrar a guerra. Mas, o que esperar de alguém que, no momento mais crítico que o mundo está passando, foi praticamente beijar as mãos geladas do Presidente russo!

Surpreendente é ouvir, agora, a sua manifestação pela neutralidade, enquanto lá na ONU o nosso Diplomata vota ao lado de mais 140 países pela condenação e pedido de retirada da Rússia invasora! Contudo, a gafe é tolerável e compreensiva porque foi cometida logo após um belo passeio de Jet Sky, e o pensamento estava desconectado com a realidade e os horrores da guerra em andamento!

Nessas circunstâncias cheias de incertezas quanto ao desenrolar futuro dos acontecimentos, resta-me invocar o apelo contido no título do filme citado: “À ESPERA DE UM MILAGRE”!

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA