Mourão diz que Braga Netto é capacitado para ser novo vice

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, avaliou em entrevista à CNN nesta quarta-feira (9) que o general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, seria “uma pessoa extremamente capacitada para ser o novo vice-presidente junto com Bolsonaro”.

Apesar de ressaltar que a escolha do vice ainda não foi cravada pelo presidente da República, Mourão também destacou que Braga Netto “tem um excelente relacionamento” com Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que, em sua visão, o vice deve levar em consideração “a composição política” e a “confiança daquele que é cabeça da chapa”.

Ao avaliar o que impossibilitou sua continuidade no cargo atual ao lado de Bolsonaro em uma possível reeleição, Mourão disse que procurou “atuar dentro dos limites da atuação do vice no sentido de facilitar a vida do presidente”, mas que a intenção pode não ter ficado clara para Bolsonaro.

“Talvez não tenha sido muito bem compreendido e tenha faltado talvez, da minha parte, mostrar isso mais para o presidente. O resto é questão de foro íntimo, cada um escolhe aquele que melhor lhe aprouver”, opinou.

Mourão confirmou à CNN que estuda candidatar-se a uma vaga no Senado Federal, mas ainda não resolveu por qual estado sairia ou a qual partido se filiaria.

“Eu estou avaliando uma possível candidatura ao Senado. Há pressões para que eu concorra pelo Rio de Janeiro, outras pelo Rio Grande do Sul… nos próximos 15 ou 20 dias vou definir isso”, afirmou, acrescentando também que a composição das chapas para o governo do estados deve influenciar na decisão final.

Popularidade do governo

Questionado sobre o desempenho de Bolsonaro nas mais recentes pesquisas eleitorais, Mourão discordou que a postura do presidente em relação à vacinação contra a Covid-19 seja um dos pontos que colaboram para sua impopularidade.

“O governo comprou todas as vacinas, quem quer se vacinar está se vacinando. Existem alguns que acham que a vacina não é eficiente ou teria efeitos colaterais, e o governo tem deixado claro que é necessária essa vacinação”, disse.

“Temos que prestar mais atenção aos atos do que às palavras. Se o presidente não tivesse comprado as vacinas, as coisas seriam mais complicadas”, acrescentou.

O vice-presidente afirmou ainda que o governo “tem que mostrar mais claramente que fez todos os esforços necessários para propiciar à população a forma de se imunizar contra o vírus”, mas preferiu não responder se achava que Jair Bolsonaro deveria ter se vacinado enquanto presidente da República.

Em relação aos movimentos do ex-presidente Lula (PT) – que lidera as intenções de votos nas pesquisas no momento – dentro do no cenário eleitoral, Mourão afirmou que existem “declarações bombásticas” ditas “da boca para fora” atualmente, como alegações de revisão da reforma trabalhista e do teto de gastos.

“Temos que esperar esse rio avançar um pouco para a gente ter uma ideia do que vai ocorrer em outubro”, concluiu.

Rússia e OCDE

Hamilton Mourão também avaliou que a viagem programada de Jair Bolsonaro à Rússia não deve trazer nenhum prejuízo diplomático ao Brasil.

O encontro de Bolsonaro e Vladimir Putin, presidente russo, ocorrerá em meio a uma escalada de tensão entre a Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e países-membros da Otan.

Para o vice, “o Brasil não está indo lá para dar apoio a uma intervenção de uma nação sobre outra, está indo para intensificar suas relações com um pais importante”, disse. “Essa é uma questão de queda de braço entre Rússia e potências ocidentais, e o Brasil não tem nenhuma participação”.

Já em relação à possível entrada do Brasil na OCDE, grupo de cooperação entre países desenvolvidos, Mourão afirmou que já foram cumpridas “quase metade das exigências para pertencer a esse clube” e destacou compromissos feitos pelo país na COP 26, cúpula do clima realizada em 2021 em Glasgow, Escócia.

“Quem quer avançar nesse caminho vai ter que cumprir metas que colocou publicamente para o mundo inteiro”, afirmou o vice, que rejeitou, no entanto, um possível novo emprego das Forças Armadas em regiões que são foco de desmatamento na Amazônia Legal.

CNN / foto: reprodução