Cremepe pede medidas mais rígidas para conter a Covid e diz que não se deve permitir festas só para quem pode pagar

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se manifestou sobre o aumento de casos de Covid no estado e pediu ao governo medidas restritivas mais rígidas para conter a doença. A entidade disse, ainda, que no momento atual, não se pode proibir festividades de rua e "permitir que ocorram festas para aqueles que podem pagar entrada".

O posicionamento do Cremepe foi divulgado no dia em que o estado bateu recorde absoluto de confirmação de casos em 24 horas. Foram confirmados, neste sábado (29), 6.581 infecções, maior número diário de toda a pandemia.

Em nota divulgada ao público, o conselho defende que sejam proibidas festas, reuniões, cerimônias, formaturas e todo tipo de aglomeração, mesmo com a exigência de vacinação.

"Soa para nós um contrassenso que, paralelamente a esse grande fluxo de pessoas e adoecimento dos profissionais de saúde, sejam permitidas atividades, festas privadas, que aumentam sabidamente a contaminação e que geram também um aumento muito maior de casos, superlotando as emergências", declarou em entrevista o presidente do Cremepe, Maurício Matos.

Atualmente, esses eventos têm autorização estadual para ocorrer com público de até 3 mil pessoas vacinadas, desde que haja teste negativo de Covid para eventos a partir de 300 pessoas.

"Os testes para Covid-19 que estão sendo utilizados para permitir esses tipos de aglomerações deveriam ser destinados exclusivamente para o diagnóstico de pacientes com sintomas ou internados e não em pessoas assintomáticas para permitir acesso a eventos privados", afirmou o Cremepe em nota.

Têm sido constantes, no Grande Recife, filas enormes e dificuldades para testagem de Covid nos municípios.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que "que todas as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus em Pernambuco têm sido adotadas de forma proporcional ao cenário epidemiológico e que, desde o início da pandemia, tem atuado com total transparência com base nos dados e indicadores da doença".

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) se manifestou, na sexta-feira, sobre a suspensão de férias dos profissionais de saúde e classificou a atitude do governo como "inadmissível".

A entidade disse que "as prioridades estão invertidas e não há o menor cuidado para que o cenário pandêmico seja revertido" e que "manter a liberação de eventos só traz consequências negativas para a saúde".

"O governo de Pernambuco fecha os olhos para a realidade e se contradiz ao permitir que eventos de até 3 mil pessoas continuem liberados. Aglomerações que são claramente suscetíveis ao aumento de contaminação do vírus e que sobrecarregam ainda mais os hospitais", disse o sindicato.

NOTA NA INTEGRA CREMEPE:
"Diante do aumento exponencial de casos da variante Ômicron no Estado, que vem superlotando os serviços de urgência e emergência e, com o número crescente de médicos e demais profissionais de saúde acometidos pela doença, o CREMEPE defende que festas, reuniões, cerimônias, formaturas e todo tipo de aglomeração, sejam proibidas pelo governo do Estado como forma de demonstrar coerência neste momento do enfrentamento da COVID-19. Ressalta também a necessidade de compreensão da sociedade como um todo, de evitar participar de tais eventos, já largamente evidenciados como responsáveis por um alto risco de se disseminar a doença, mesmo com a exigência de comprovante de vacinação e testagem prévia dos participantes. Os testes para COVID-19 que estão sendo utilizados para permitir esses tipos de aglomerações deveriam ser destinados exclusivamente para o diagnóstico de pacientes com sintomas ou internados e não em pessoas assintomáticas para permitir acesso a eventos privados, conforme apontou recentemente a OPAS.

Com relação à permissão de eventos privados para os festejos do carnaval, não se pode neste momento, proibir apenas as festividades de rua para o público em geral e permitir que ocorram festas para aqueles que podem pagar entrada em eventos deste tipo. A responsabilidade e o sacrifício devem ser de todos e não apenas para uma parcela da população. Esperamos que o governo do Estado mantenha a coerência que tem sido demonstrada com a população pernambucana desde o início da pandemia.

Neste momento em que os profissionais de saúde são mais uma vez convocados para colaborar com sacrifício para o enfrentamento da pandemia, com mais um encargo imposto a uma categoria já tão esgotada em sua carga de trabalho no enfrentamento da COVID-19 nos últimos dois anos, os médicos não deixarão de cumprir seu compromisso de bem servir às necessidades da população. Contudo, entende que este sacrifício não pode ser feito de forma isolada. Há necessidade de que mais medidas sejam tomadas para reduzir a alta transmissibilidade da variante Ômicron em nosso Estado, diminuindo a superlotação de pacientes existentes nas emergências, UPAS e policlínicas.

O CREMEPE é uma autarquia pública criada há mais de seis décadas com o objetivo de seguir os preceitos legais a ela outorgados, zelando pela boa prática da medicina, fiscalizando o exercício ético da profissão e sempre exigindo melhores condições de trabalho para a categoria médica. Ao longo da sua existência, o CREMEPE cumpre seu papel institucional em defesa da ética, respeitando os preceitos legais, no princípio fundamental que a medicina é uma profissão à serviço da saúde do ser humano e da coletividade, atuando sempre no sentido de termos uma medicina ética e de qualidade."

G1