"Jacarés, em geral, não apresentam riscos para as pessoas, mas não tente alimentar ou se aproximar deles", alerta médico veterinário

Mais uma vez nas redes sociais e nos meios de comunicação das cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA a notícia sobre a presença de jacarés na orla e nas Ilhas do Rodeadouro e do Fogo tem chamado a atenção. Um dos videos mostra o jacaré atacando um gato.

A REDEGN fez contato com o Médico Veterinário Fábio Walker, Gerente de Resgate da Fauna Silvestre no Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (CEMAFAUNA CAATINGA), localizado na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Este centro foi criado para atender os Programas Básicos Ambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), além disso, atuamos em parceria com órgãos ambientais municipais, estaduais e federais, também realiza projetos com outras instituições, atividades de educação ambiental, treinamentos para manejo de fauna em empresas públicas e privadas, entre muitas outras atividades relacionadas a conservação de fauna da Caatinga.  

Confira informações e orientação:
A espécie de jacaré que tem ocorrência na bacia do rio São Francisco é popularmente conhecida como jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), é considerada uma espécie predadora oportunista, cuja alimentação inclui desde insetos, crustáceos e moluscos até vertebrados. Eles ocupam qualquer ambiente aquático, e na procura de novos corpos d 'água ou para nidificação (construir seus ninhos), comumente observa-se indivíduos circulando na zona urbana. Outra característica natural destes animais é ficar expostos aos raios solares para regular sua temperatura corporal. 

As aparições recentes possivelmente ocorreram devido às chuvas intensas, que causaram a cheia histórica (aumento do nível) do rio São Francisco, elevando a exposição desses animais em consequência da diminuição da área de vida (terreno marginal do rio). Os jacarés, em geral, não apresentam riscos para as pessoas, entretanto, a população em geral não deve tentar alimentar ou se aproximar quando avistar um animal. Em caso de ocorrência na zona urbana, a população deve acionar o Corpo de Bombeiro, que possui equipe treinada e equipamento adequado, o resgate nunca deve ser realizado por civis, pois existe um risco a segurança tanto da pessoa como do animal, e causar injúrias aos animais é crime previsto no código penal.

Importante salientar, que mesmo com os avanços no conhecimento da espécie, ainda são necessários estudos sobre sua distribuição geográfica, em especial, na bacia do rio São Francisco. São também necessários programas de monitoramento de longo prazo de suas populações e ao longo da sua distribuição, bem como a elaboração e execução de medidas de proteção das áreas de vida dessa espécie, por serem predadores do topo da cadeia alimentar, controlam a quantidade de indivíduos de outras espécies, exercendo um papel fundamental na estrutura da comunidade local.

Redação redeGN Foto Reprodução Redes Sociais