Após Ministério defender cloroquina, Marcelo Queiroga reforça que remédio não tem comprovação científica

Após Ministério defender cloroquina, Queiroga reforça que reméDias após um secretário do Ministério da Saúde publicar uma nota técnica defendendo o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19, o ministro Marcelo Queiroga admitiu que ainda não há comprovação científica da eficácia do remédio contra a doença.

"Essas medicações foram utilizadas no começo da pandemia e, na época, o uso era chamado uso compassivo. Posteriormente se viu que essas medicações, o uso não era mais aplicável e foi testada em outros contextos. Essas medicações, inclusive eu já falei, são medicações cuja evidência científica da sua eficácia ainda não está comprovada", disse o ministro em entrevista à TV Brasil.

No último sábado, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, afirmou em uma nota técnica que vacinas contra a Covid-19 não têm efetividade nem segurança demonstradas, mas que a hidroxicloroquina tem. A afirmação contraria posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos especialistas.

Após assumir o cargo, Marcelo Queiroga indicou um grupo na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Únido de Caúde (Conitec) para analisar a utilização do chamado "kit Covid", ou tratamento precoce, em pacientes que não estão internados.

Na nota técnica, o secretário faz diversas críticas ao protocolo aprovado pela Conitec. Uma delas é que teria havido uma "assimetria no rigor científico dedicado a diferentes tecnologias". Para ele, "a hidroxicloroquina sofreu avaliação mais rigorosa do que aquela feita com tecnologias diferentes".

O grupo de especialistas agora deverá apresentar um recurso ao ministério para que Queiroga possa rever a decisão de Angotti. Na entrevista, Queiroga criticou a oposição entre vacinas e o tratamento e afirmou que "fatos falam mais que narrativas".

"Essa confusão que se quer criar entre vacina e cloroquina é absolutamente descabida porque a decisão da Conitec, sem analisar o mérito da decisão, que não era uma decisão, era uma argumentação à decisão do secretario, era sobre tratamentro. Vacina não é tratamento, é prevenção primária", afirmou.

O Globo Foto: Agencia Brasil