Grupo de voluntários resgata 1,8 mil animais afetados pelas enchentes na Bahia e Minas Gerais

As chuvas que provocaram enchentes na Bahia e em Minas Gerais, desde o fim do ano passado, também deixaram animais desabrigados e desalojados. Desde o começo dos alagamentos, voluntários resgataram cerca 1,8 mil bichos que estavam vulneráveis aos desastres naturais nos dois estados.

Gatos cobertos por lama, cães que subiram em telhados para escapar das enchentes e porcos famintos foram assistidos pelo Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD), que participa de uma ação para socorrer e proteger os bichos.

Na Bahia, o GRAD atuou nas regiões de Porto Seguro, Itamaraju, Canavieiras, Itabuna e Ilhéus, incluindo aldeias indígenas e áreas de floresta. Ao todo, cerca de 1,3 mil animais foram assistidos.

O GRAD está há quatro dias atuando também em Minas Gerais, nos municípios de Congonhas, Pará de Minas, Raposos e Nova Lima e Itabirito. O grupo deu assistência para quase 500 animais nessas localidades.

Desse total, cerca de 400 animais silvestres foram retirados do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) de Nova Lima, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O resgate ocorreu após o transbordamento em uma barragem do Dique Lisa da Mina Pau Branco, da empresa Vallourec.

Papagaios, araras, maritacas, periquitos, cachorros-do-mato, macacos-pregos, urubus, carcarás, corujas, gaviões, tigres d’água e jabutis estão entre as espécies que foram encaminhadas para outros locais.

Os bichos receberam alimentos e cumpriram um protocolo sanitário, com a aplicação da vacina V10 (protege contra dez doenças) e contra a leishmaniose e de antiparasitários.

"Em um cenário de desastre, queremos que evitar que os animais sejam vítimas mas também que eles não se tornem problemas sanitários para município, já com tantas dificuldades, e que não sejam um peso a mais para famílias que perderam tudo, como a própria casa ou um parente", explica a médica veterinária Carla Sassi, coordenadora do GRAD.

Após os resgates, os bichos são levados para abrigos, criadouros de mantenedores e para Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama. O trabalho é dificultado pela precariedade dos transportes, com estradas interditadas e falta de acesso por terra a locais que poderiam receber os animais.

"Muitas famílias se negam a sair das casas para não abandonar os animais, então cuidamos de dar um lugar seguro para os bichos e as pessoas terem tranquilidade para evacuar os locais de risco", disse o veterinário Enderson Barreto, do GRAD.

Barreto destaca as dificuldades logísticas para realizar os resgates. São os próprios voluntários do GRAD quem levam caixas de isopor com vacinas e gelo, carregam pacotes de ração, medicamentos de primeiros socorros e equipamentos de captura.

"Também encontramos os animais estressados, imunodeprimidos, que tiveram contato com água suja, suscetíveis a pegar doenças infectocontagiosas. Por isso a importância da imunização de desparasitação deles", afirmou Barreto.

Folha Pernambuco Foto Divulgação