Fiocruz denuncia os perigos para 2022 que começa com as mesmas questões da falta de diretrizes de combate a Covid-19

A Fiocruz divulgou um balanço da pandemia de Covid em 2021, com críticas ao apagão de dados sobre a doença no Brasil. Mais de 600 mil mortos; mais de 22 milhões de pessoas infectadas pelo coronavírus. O boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz fez um balanço deste cenário. Os pesquisadores apontaram os principais problemas do segundo ano da pandemia.

Informações imprecisas, vulnerabilidade dos sistemas de dados e politização das medidas de enfrentamento da Covid: é assim que o ano de 2021 vai chegando ao fim. A esses desafios se juntam ainda o surgimento de novas variantes, as incertezas na tomada de decisões para combater a Covid, além do negacionismo e do ataque às vacinas.

De acordo com o boletim da Fiocruz, o mais preocupante é que 2022 começa com as mesmas questões que marcaram a falta de diretrizes para o controle da pandemia, principalmente o apagão de dados, que deixa a ciência e a saúde às escuras.

O coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado, afirma que a fragilidade da infraestrutura de informação do governo federal é inaceitável.

“Nós estamos há cerca de duas semanas navegando no escuro, em uma pandemia onde as informações - sobre casos, internações, vacinação - são fundamentais. Não ter esses dados significa dirigir um carro totalmente no escuro, significa navegar sem os equipamentos necessários para sabermos para aonde ir. E talvez resulte em decisões erradas no momento em que a gente tem maior circulação de pessoas pelas festas de fim de ano e viagens”, afirma.
O infectologista Alexandre Barbosa diz que esses problemas também afetam profissionais que trabalham na linha de frente: “Muitas vezes, a gente vê, por parte do governo federal, atitudes que são antivacina ou que promovem medicações que não têm eficácia comprovada. E tudo isso causa um ruído muito grande com a população. Ou seja, a falta de transparência na publicação, no acesso aos dados, e a falta de uma assertividade do discurso cientifico são o principal empecilho para quem está na linha de frente”.


A vacinação das crianças contra a Covid-19, considerada fundamental para os pesquisadores, também ganhou destaque no boletim.

“As crianças representam aproximadamente 30% da população. É um contingente superimportante, que tem que ser vacinado. Então, proteger a saúde de todos significa também proteger a saúde das crianças. Não é possível que ataques sem sentido, ataques à ciência, ataques à Anvisa, ataques a decisões que protegem a saúde da população continuem. A gente precisa de confiança na saúde, na ciência, nas medidas que estão sendo adotadas, porque é isso que tem salvado vidas, e não ao contrário”, afirma Carlos Machado.

O Ministério da Saúde informou que não mede esforços nas ações de enfrentamento da pandemia da Covid, e que realizou a maior campanha de vacinação da historia do país, reduzindo os casos da doença em mais de 54%.

jornal Nacional