Descarte irregular de máscaras: Moradores de Juazeiro e Petrolina transformam em poluição o que deveria ser proteção

Com milhares de máscaras descartadas diariamente em todo o país, o lixo produzido para se proteger da Covid-19 já mostra seu impacto no meio ambiente. Segundo o Instituto Akatu, ONG voltada para o consumo consciente, desde o início da pandemia, já foram mais de 15 bilhões de máscaras jogadas fora. 

Com uma média de decomposição que pode chegar a até 500 anos, dependendo do material, além dos impactos ambientais, o descarte incorreto pode proliferar o vírus.  

A reportagem da REDEGN flagrou essa forma de desrespeito com a limpeza urbana e a saúde coletiva em Juazeiro e Petrolina. Trata-se das máscaras, elas estão jogadas nas ruas, nos canteiros, na pista de caminhada, perto do brinquedo das crianças e nos cantos das calçadas e na orla, margens do Rio São Francisco.

Segundo o estudo Atlas do Plástico, do Instituto Lixo Zero, no geral, depois de um período inicial com leve diminuição na produção de lixo, devido ao isolamento e queda no poder aquisitivo de parte da população, houve alta na produção de resíduos sólidos, especialmente nos casos de lixo hospitalar. 

Sem uma estratégia para descarte e de recomendação para uso de máscaras reutilizáveis, muitas vêm sendo dispersas no meio ambiente, invadindo praças, ruas e Rio São Francisco. Em tempos de pandemia, as máscaras que deveriam estar nos rostos ou, após o uso, ser descartadas corretamente no lixo, andam à solta nos centros urbanos.

As máscaras incomodam a quem passa nas vias públicas e principalmente quando estão jogadas nas margens do Rio São Francisco.  As situações provocando poluição são muitas. Não há estatística específica para esse tipo de registro, em virtude da logística de recolhimento dos resíduos que, muitas vezes, são coletados do chão bastante misturados a outros tipos de lixo. Os profissionais da varrição relatam a presença de máscaras jogadas em espaços públicos.

A reportagem da REDEGN apurou que o descarte de máscaras deve seguir normas, conforme orienta a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa BH, Neila Félix. No caso de unidades hospitalares, centros de saúde e outros, a Organização Pan-Americana de Saúde e Anvisa determina que o material seja colocado em sacos fechados.

No caso de descarte em domicílio, o indicado é colocar no lixo do banheiro, também bem fechado. Com isso, evita-se que as máscaras se misturem ao lixo orgânico e reciclado e caiam nas mãos de catadores. Se possível, o ideal é que haja a identificação no saco de lixo de que há máscara, para não haver contaminação nos aterros sanitários.

Os cuidados com o meio ambiente também devem ser observados. Então, explica Neila, o ideal é retirar as tiras elásticas, que se prendem nas orelhas, para impedir que essas partes fiquem presas no bico ou pés de animais.

A gerente de comunicação do Instituto Akatu, Bruna Tiussu, explicou que o problema é especialmente danoso para os rios e oceanos por conta da presença do plástico presente nas máscaras do tipo cirúrgica, KN95 e PFF2.

“As máscaras descartáveis viram microplásticos ao longo do tempo, são 500 anos de decomposição. Na água ssa substância é muito prejudicial à vida marinha e a nossa própria vida, porque consumimos os peixes, por exemplo”, explicou a porta-voz do Instituto Akatu. 

Além do descarte, a produção de máscaras não para no Brasil. Atualmente, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), o setor de PFF2 fornece cerca de 50 milhões de máscaras do tipo por mês.  

A reciclagem é uma solução para o descarte de vários produtos que perderam a sua vida útil. No caso das máscaras, a reciclagem desse material precisa seguir um protocolo específico de coleta e tratamento para cada material que compõe a proteção. Segundo Bruna Tiussu, esse tipo de procedimento ainda não é feito no Brasil. 

NOTA PREFEITURA JUAZEIRO:  A Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano de Juazeiro alerta a população para os cuidados que é preciso ter ao fazer o descarte de máscaras. 

Por estar em contato direto com o nariz e a boca das pessoas, as máscaras podem conter diversos tipos de vírus. Entre eles, o causador da Covid-19. A máscara jogada nas vias públicas de forma irregular, além de comprometer a saúde da população, coloca em risco a vida dos profissionais da limpeza pública, que serão obrigados a retirá-las de circulação. Por não ser reciclável, a máscara jamais deverá ser colocada junto ao lixo comum, que poderá ser manipulado pelos catadores de resíduos sólidos. 

Outra preocupação é com a questão ambiental, porque a maior parte das máscaras descartáveis são feitas com material plástico que pode levar mais de 400 anos para se decompor. Ela suja os lençóis freáticos, os rios, os mares e entopem canais, causando alagamentos. Também podem ser confundidas com alimentos e engolidas por animais marinhos, quando jogadas no mar.

A forma mais correta para descartar a máscara após o uso é retirá-las pelos elásticos, sem tocar na parte frontal, colocá-las dentro de dois saquinhos plásticos e descartá-la junto com o lixo do banheiro com materiais sanitários. Se estiver na em via pública, o descarte não pode ser feito na lixeira comum, o correto é fazer o descarte em lixeiras de banheiros públicos, lembrando sempre de realizar a higienização das mãos sempre antes e depois de trocá-las.

Redação redeGN Texto e Fotos Ney Vital