Artigo: De Mercado do Produtor a Centroagroalimentar de 4ª Geração

Nos anos 1960, uma consultoria de instituições francesas sugeriu a recém criada Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, a criação de centrais de abastecimento dentro do projeto de melhoria do abastecimento das grandes cidades do Nordeste brasileiro.

Foi iniciada a Constituição das Centrais de Abastecimento do Nordeste S/A, empresa de economia mista com o objetivo de implantar CEASAS, nas principais cidades nordestinas (Recife, João Pessoa, Fortaleza, Salvador). Em São Paulo – SP, foi criada a CEAGESP, resultado da fusão do Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e da CAGESP (Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo).

Com a criação do SINAC – Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento, pelo governo federal, nos anos 1970, estabeleceu-se em todo o País o programa de implantação de centrais de abastecimento, sob o comando da COBAL – Companhia Brasileira de Alimentos. A segunda metade da década marca a consolidação das grandes estruturas físicas, as quais conhecemos como CEASAS, tendo como principal marco a organização e orientação da comercialização de hortigranjeiros, que até então operava de forma descentralizada, sem a participação governamental.

Foi assim criado o Sistema Brasileiro de Centrais de Abastecimento tendo o governo como incentivador e orientador do comércio de hortigranjeiros, sendo criada uma estrutura para a comercialização direta dos produtores rurais, denominada Mercado Livre do Produtor – MLP.

Em Juazeiro, Estado da Bahia, os comerciantes de produtos agrícolas e outros da Região do Vale do Submédio São Francisco, em destaque o polo Juazeiro – BA/Petrolina -PE, já realizavam seus negócios em uma espécie de “ Feira de Tudo”, inclusive com um nome bem característico: “Feira do Pau”, assim denominada pela comunidade, localizada no bairro Alto da Maravilha em Juazeiro.

Foi então, que em 1984, foi criado o Mercado do Produtor de Juazeiro, com a finalidade de viabilizar de forma organizada, a crescente produção de melão, melancia e cebola, oriundos dos primeiros Perímetros Públicos de Irrigação – PPI’s, implantados pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – Codevasf (denominação da época). O Mercado, possui uma área de 8,8 mil m² e fica localizado no portal de entrada da cidade, no bairro Tancredo Neves.

Com a produção agrícola cada vez mais crescente ao longo desses 37 anos, o Mercado há muito, tornou-se pequeno, mesmo assim, com todas os fatores negativos relacionados à infraestrutrura deficiente, condições higiênico- sanitárias precárias, permanece desde o ano de 2009, como o 4º mercado brasileiro em comercialização de FLV (Frutas legumes e Verduras), ficando atrás somente da CEAGESP (entreposto São Paulo), Ceasa – Rio e Ceasa – MG (entreposto de Contagem).

Além da comercialização oriunda dos PPI’s, a produção agrícola dos municípios circunvizinhos a Juazeiro e Petrolina, são direcionadas àquele entreposto, que também tem característica marcante como mercado reexpedidor para todo o Brasil. São mais de 160 itens comercializados.

Atualmente, o Mercado encontra-se em situação crítica no sentido de não poder absorver novos permissionários e produtores rurais. Faz-se urgente, o planejamento e construção de um novo mercado, com uma nova concepção, com novas ferramentas de comercialização, agroqualidade, logística, cadeia de frio, pistas e plataformas adequadas ao embarque e desembarque de mercadorias e circulação de veículos de grande porte, geração de energia fotovoltaica, setor de serviços (bancos, hotéis, auditórios, centro de treinamento de operadores de mercado, praça de alimentação), banco de alimentos, compostagem de resíduos orgânicos e destinação ambientalmente correta de resíduos sólidos gerados, dentre outros.

É preciso pensar em um Mercado, com visão de no mínimo 50 anos à frente, sob pena de tornar-se obsoleto em pouco tempo. Deverá ser implantado às margens da Rodovia BR- 407, sentido Juazeiro-Salvador, com área não inferior a 1 milhão de m² (100 hectares). Será um empreendimento de grande envergadura, da qual deverá participar o poder público e a iniciativa privada, sob forma de uma PPP – Parceria Público Privada, dada ao volume superlativo de investimentos.

A Região e o Brasil, clamam por um Mercado inovador! Este é o caminho!

Autor: João Santana Tosta – Engenheiro Agrônomo – Analista em Desenvolvimento Regional – Codevasf 6ª/SR – ex – Diretor – Executivo do Mercado do Produtor de Juazeiro (Janeiro a Junho de 2009).

Fonte: Abracen, Conab – Prohort, Journal Of Development – Comercialização agrícola no submédio São Francisco: a importância de mercado do produtor de Juazeiro – BA – 14/08/2018.