"Temos que lutar contra esse a construção de uma nova Usina Hidrelétrica que coloca em risco o Velho Chico e o meio ambiente", diz secretário do CBHSF

A diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e a coordenação da Câmara Consultiva Regional (CCR) Alto São Francisco se reuniram com o coletivo Velho Chico Vive para articular ações de mobilização contra a construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Formoso, na região de Pirapora.

Há quinze meses, ribeirinhos e artistas da região onde se pretende construir a UHE montaram o movimento coletivo Velho Chico Vive para denunciar os impactos da construção da hidrelétrica e defender o Rio São Francisco. Desde então, o coletivo vem debatendo os impactos da obra, as consequências da barragem para a bacia do Velho Chico e as providências que já foram tomadas para tentar impedir a construção da UHE e o que ainda pode ser feito.

Os integrantes do coletivo Velho Chico Vive apresentaram as ações realizadas até o momento contra a UHE Formoso e pediram o apoio do CBHSF nessa luta. “A proposta é fomentar diversas atuações político-institucionais a fim de lutar contra a construção da usina, que impactaria diretamente as comunidades tradicionais que vivem na região, como povos indígenas, comunidades ribeirinhas e pequenos produtores rurais”, informou Alice Bessa, do coletivo Velho Chico Vive.

A ação coletiva já conseguiu resultados, como a realização de Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde foram discutidos os impactos de empreendimentos como esses na vida da população. A audiência foi solicitada pela presidente da Comissão, a deputada estadual Leninha (PT).

O vice-presidente do CBHSF, Marcus Vinícius Polignano, lembrou que os municípios de Pirapora e Buritizeiro já ficam consideravelmente próximos à hidrelétrica de Três Marias, uma grande barragem, que represa parte das águas que vêm da cabeceira do rio da integração nacional e de seus afluentes. “Os riscos são imensos e de vários âmbitos. A UHE Formoso prejudicará todo o ecossistema da região e os peixes serão os primeiros a sentirem os impactos. Mais um barramento no rio impactaria seu ciclo reprodutivo, causando extinção de muitos peixes”, declarou.

O secretário do CBHSF, Almacks Luiz Silva, destacou que a UHE Formoso é um problema de toda a bacia. “Construir uma nova hidrelétrica em Pirapora refletirá em toda a bacia. Esse não é apenas um problema da região do Alto São Francisco. Temos que lutar contra esse empreendimento que coloca em risco o Velho Chico, a população ribeirinha e o meio ambiente”, disse.

Já o coordenador da CCR Alto São Francisco, Altino Rodrigues Neto, relembrou que o CBHSF é contrário ao empreendimento. “Logo que ficamos sabendo sobre a UHE Formoso abrimos o diálogo com a comunidade e realizamos uma série de webinários para discutir os impactos ambientais, sociais e econômicos. Estamos dispostos a unir forçar contra esse empreendimento que coloca em risco o Velho Chico”, explicou.

USINA HIDRELÉTRICA FORMOSO: O projeto de construção da UHE Formoso foi divulgado no fim de 2019 e pegou de surpresa as comunidades ribeirinhas, o CBHSF e até mesmo as prefeituras dos municípios afetados.

A obra integra o Programa de Parcerias de Investimento, que potencializa o processo de privatização no Brasil. A empresa responsável pela hidrelétrica é a Quebec Engenharia.

De acordo com informações do projeto da Quebec, a UHE de Formoso terá capacidade de 306 MW de potência e três turbinas. A área do reservatório da barragem será de 312 km2, o que equivale a 31 mil e 200 campos de futebol.

CHBSF