OMS duvida que alta vacinação vai deter a pandemia

O diretor da OMS na Europa se mostrou mais pessimista, ontem sexta-feira (10), sobre a possibilidade de um alto índice de vacinação deter sozinho a pandemia de Covid-19, devido às variantes que reduziram a perspectiva de uma imunidade coletiva.

A probabilidade de que a doença continue sendo endêmica é cada vez maior. Por isso, Hans Kluge pediu em coletiva de imprensa para "prever para adaptar nossas estratégias de vacinação", especialmente no que diz respeito às doses de reforço.

Em maio, Kluge disse que "a pandemia terminará quando alcançarmos uma cobertura mínima de vacinação de 70%" da população mundial.  Ao ser questionado se mantinha o que disse, Kluge respondeu que as novas variantes, mais contagiosas - principalmente a delta - mudaram a situação.

Antes, embora esta variante inicialmente detectada na Índia já existisse, "não havia semelhante emergência de variantes mais transmissíveis e mais virais", explicou. "Isso nos leva ao ponto de que o objetivo essencial da vacinação é, principalmente, evitar as formas graves da doença e a mortalidade", destacou.

"Se considerarmos que a Covid continuará sofrendo mutações e permanecerá entre nós, como a gripe, então devemos prever como adaptar progressivamente a nossa estratégia de vacinação contra a transmissão endêmica, e adquirir conhecimentos muito valiosos sobre o impacto das doses adicionais", acrescentou.

Segundo os epidemiologistas, parece pouco realista alcançar a imunidade coletiva só com as vacinas, mas elas são essenciais para frear a pandemia.

A vacinação também segue sendo essencial "para reduzir a pressão sobre nossos sistemas de saúde, que precisam desesperadamente tratar outras doenças além da Covid", insistiu Kluge.

Estima-se que a variante delta, atualmente dominante, é 60% mais contagiosa que a anterior (alfa) e o dobro que o vírus histórico. 

Quanto mais contagioso é um vírus, maior é o índice das pessoas que precisam estar imunizadas para alcançar a imunidade coletiva e deter a epidemia. A imunidade se consegue mediante as vacinas ou após contrair o vírus.

AFP