Polícia Federal diz que o comércio de agrotóxico clandestino é comum na região norte da Bahia e que servidor do Ministério da Agricultura lotado em Petrolina é investigado

Repercute nacionalmente a prisão de três pessoas na manhã desta quarta-feira (14) em um desdobramento da operação “Negócio da China” que investiga o comércio de agrotóxicos clandestinos importados do país asiático. A operação da Polícia Federal na Bahia foi realizada em Juazeiro e, na cidade vizinha, Petrolina (PE).

Uma prisão ocorreu em Juazeiro e duas em Petrolina. De acordo com a Polícia Federal na Bahia, responsável pela operação, um dos alvos da operação foi um servidor do Ministério da Agricultura lotado em Petrolina, investigado por envolvimento no esquema de contrabando.

Empresários da região do Vale do São Francisco também são investigados de envolvimento na importação do agrotóxico clandestino, que, segundo a Polícia Federal, chega a movimentar cerca de R$ 1 milhão durante um ano. Nenhum valor foi apreendido nesta quarta-feira.

Cerca de dois mil litros do produto foram apreendidos nesta terça-feira e 14 buscas estão sendo feitas pelos agentes – três em Juazeiro, nove em Petrolina e duas em Jabuticabal, interior de São Paulo.

Uma equipe da Polícia Federal também realiza a apreensão no porto de Recife, de um contêiner carregado possivelmente de agrotóxico contrabandeado pertencente a um dos alvos presos na operação.

O delegado Wilson Bispo, responsável pelas investigações, disse que o comércio de agrotóxico clandestino é comum na região norte da Bahia e deve se estender a outras áreas do estado. Segundo ele, a prática é tão recorrente que um dos alvos da operação desta terça-feira havia sido preso em flagrante na mesma operação ocorrida 11 anos atrás.

"Em 2008 a PF de Juazeiro deflagrou a operação 'Negócio da China' que tinha o mesmo objeto de investigação de hoje. As medidas que foram deferidas naquela época não foram necessárias para fazer cessar. Tanto que um dos flagrantes foi alvo na operação de 2008. Algo recorrente aqui na região", afirmou.

A polícia não detalhou nomes de pessoas ou empresas envolvidas para não atrapalhar as investigações. Entretanto, informou que os compradores dos materiais contrabandeados são comerciantes da região, que vendem produtos lícitos e adquirem os agrotóxicos sem passar pela fiscalização.

Além de serem vendidos com o preço em baixa escala, o material clandestino pode trazer riscos graves à saúde das pessoas.

"Todo tipo de agrotóxico é prejudicial à saúde humana e a todos os seres vivos, e com prejuízo ao meio ambiente. Quando falamos de agrotóxico que entram no país sem nenhum tipo de controle, sem certificação dos órgãos que regulamentam, esse risco é elevado. Podemos falar de cânceres e diversas outras doenças", declarou.
 

G1 Bahia Foto Divulgação Policia Federal