Um Florescer em Alerta!!!! 143 anos!!!

Juazeiro, terra amada, cantada em versos e prosa.

Seu sol e pôr do sol, ensolarado dormita em cânticos e gritos de um povo que em cada cantinho de um lar – já disse para que veio – homem, é tanto desabrochar de talentos, que seja, na música, nas artes dramáticas, nas artes plásticas, no samba de velho, no congado, nos penitentes, no rep, no pop, na capoeira, na entoada e cânticos de nosso povo de terreiro, na gastronomia e tantos outros talentos perdidos na sua invisibilidade. Segundo nossas ancestralidades, um filho ao nascer já traz em seu SER, essa musicalidade e sua arte de viver e ser feliz.

A minha rima nessa narrativa para saudar a minha Juá é de grande gratidão por tanto florescer a cada década, que carece no aqui e agora de alguma reflexão.

Para tentar situar você cidadão a todos, tod@s e tods, público fiel e trigueiro!!! Não tem como eu lembrar da minha infância tão rica de ciranda, cirandinha, do jogo de pinhão, patinetes, bola de gudes, já disputava com meus irmãos e coleguinhas o meu espaço público contrariando toda estrutura patriarcal. Tudo isso ocorreu na famosa Rua Henrique Rocha – lá se vai as minhas memórias e aqui quero saudar D. Cecília (in memoria), com seu famoso acarajé. D. Aurinha que a todos acolhia com seus conselhos e lanchinhos para toda garotada.

Quem não se lembra do doce de leite de Dona Menininha, era de lamber os beiços de tão gostoso que era.

Meu avô Joaquim Nelson, era um grande anfitrião que lia a mão de todos com suas adivinhações ciganas. Grande homem de negócios que abastecia o comércio local com seus fardos de algodão, tecidos, e quinquilharias diversas.

Não posso deixar de lado meu amigo compositor e músico José Pereira (Zeinha), Maneca (jogador), Rosy e Rosália Costa, que já afinava o seu tom teatral e sua famosa acordeom.

Aqui vai o meu lamento e grito engasgado da minha geração sessentona!!! Ao entardecer toda trama era desfeita – era um Deus me acode para todas as portas e janelas fechar. Era elas chegando em rebanhos com seus zumbidos assustador e irritante, pois era essa tal das muriçocas. Nem mosqueteiro resolvia só mesmo queimando o tal estrume de boi.

De geração a geração, de Prefeitos e mais Prefeitos, nunca chegaram a implementar, um Plano Estruturante que desse certo, para desse assunto tratar.

Não se avexe não – Vamos agora fazer uma viagem no tempo, para todos entenderem essa   singularidade e ainda algumas vertentes tão peculiares à essa temática.

É importante chamar atenção para o sofrimento da população com os alagamentos na zona urbana, por falta de uma estrutura adequada de drenagem pluvial. A cidade está localizada na planície de inundação do Rio São Francisco. A prefeitura defende como condição mínima de segurança edificável na área interna da cidade a cota de 363 metros (SEDUR 2011). Daí o transbordamento nas redes de esgotos quando chove, pois, as mesmas não foram projetadas para o recebimento de águas pluviais.

Segundo dados (RIDE/UNIVASF), 83% dos canais de águas pluviais de Juazeiro não apresentam revestimento, exceto o da Av. Centenário. O restante apresenta problema de assoreamento, interconexões com o sistema de esgoto, proliferação de insetos, resíduos sólidos nas margens dos canais. Grande preocupação com esses moradores que residem nessa margem.

Além do citado acima, todos 90% das lagoas existentes possuem conexões com os canais de drenagem. Desta, apenas uma, que é a Lagoa do Calú, um dos principais espaços verde da cidade, bastante utilizada pelos moradores, para realização de eventos e caminhada – apresentaram indicativos e eutrofização.

Entender esse universo em Saneamento Ambiental é de fundamental importância para o Controle Social. É ele que garante a sociedade, informações, representações técnicas e participação nos processos de formulações de políticas de planejamento e de avaliação relacionadas aos serviços públicos de saneamento básico. O controle representa nosso espelho Social.

A população tem que compreender e internalizar o verdadeiro sentido e definição de Saneamento, que segundo Menezes (1984): É o conjunto de medidas que visa modificar as condições de meio ambiente, com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.

Dentro dessa perspectiva, o saneamento pode ser visto de duas maneiras:

SANEAMENTO AMBIENTAL: Conjunto de ações técnicas e socioeconômicas, que visam alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, por meio de: Abastecimento de água potável; Disposição de resíduos líquidos, sólidos e gasoso; Manejo de águas pluviais; Controle ambiental de vetores e reservatório de doenças; Controle de excesso de ruídos; A disciplina da ocupação do uso do solo, contribuindo para a promoção e melhoria das condições de vida nos meios urbano e rural (Moraes, 1993).

SANEAMENTO BÁSICO: Conjunto de ações, entendidas fundamentalmente como de saúde pública, compreendendo: O abastecimento de água em quantidade suficiente para assegurar a higiene adequada e o conforto com qualidade compatível com os padrões de portabilidade, coleta, tratamento e disposição adequada dos esgotos e dos resíduos sólidos, drenagem urbanas de água pluviais e controle ambiental dos roedores, insetos, helmintos e outros vetores transmissores e reservatório de doenças. (Moraes, 1993).

São essas verdades que a população deve saber. Juazeiro, como toda cidade ainda contraria o senso, em se tratando da cobertura de distribuição de água da rede atende a 93% da população. Embora, exista ainda um grande número de ligações clandestinas (informação SAAE). No tocante ao esgotamento sanitário estima-se um total de 67,8%.

O outro aspecto relevante a ser compreendido, é que não adianta discutir projetos futurísticos de desenvolvimento e crescimento econômico, se não atacar alguns bolsões que além dos riachos que a população chama de canal, temos que rever os terrenos baldios que estão virando verdadeiros lixões. E ainda temos um Plano Diretor Urbano que não avança a discussão, encontra-se interditado. Como também, a necessidade da implementação do plano de resíduo sólido, com definição da coleta de lixo seletiva x ações dos catadores. Como vamos fazer para reparar tantos danos irreparáveis ao meio ambiente?

Os riachos, consequência de manejados inadequados já viralizado como canal, são despejados no Rio São Francisco. Esses riachos contornam a cidade no total de 37km, a exemplo: Macarrão, Malhada, Canal do Centenário, Riacho Malhada da areia, Antônio Guilhermino, Rio J.Freitas dentre outros.

Em relação ao Plano Municipal, aprovado em 2017, foi de grande valia a participação do Movimento Popular e Cidadania, para introduzir melhorias ao texto, visando ações e articulação com outras políticas para minimizar esse quadro. Retirada do volume de esgoto já existente em seus leitos, das ligações de esgoto doméstico direto nos riachos, bem como qualquer tipo de despejo liquido e sólido, proibindo a canalização e cobertura /tamponamento dos mesmos como qualquer tipo de material, deixando os riachos intermitentes seco afim de garantir a drenagem das águas pluviais. Como também, problemas com o aumento incontrolável de muriçocas, níveis de odores acima do que é permitido pela ONU e doenças por veiculação hídrica, como diarreia e outras deixa as crianças e adultos vulneráveis às doenças.

Vamos virar essa página e discutir a Implementação de Projetos voltados para sua perenização. Como Juazeiro é uma cidade de clima quente e seco, necessário se faz, transformar essa região em áreas verdes, com mudas características da região. Buscar parcerias como a EMPRAPA/UNIVASF, envolvendo a participação alunos e comunidade. A sensibilização é de fundamental importância nesse processo de pertencimento.

Temos que encarar essa realidade e virar essa página. Por que não?

O cuidar das praças, dos riachos, do nosso rio, lagoas, é cuidar da mãe Terra que está agonizando. Cidade limpa!! Cidade Verde!! Pode ser uma estratégia futurística, geracional, não só para turista vê e sim, de qualidade de vida.

Suely Nelson Argôlo - Bacharel em Serviço Social, MS em Sociologia Rural, Pós-Graduada em Comunicação Social, Psicologia Social, Aperfeiçoamento em Saneamento e Meio Ambiente, Ambientalista, Conselheira de Mulheres, Igualdade Racial, Direito Humanos, MPC e Diretora do SINDAE.

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