Artigo: Administração pública é pública

Não adianta o discurso de cuidado com o erário se não preservar a transparência em outras áreas da administração. A hipocrisia é parente próxima da corrupção, um elemento acusador, geralmente um aviso de que algo não está bem.

A insistência em permanecer em um erro por acreditar que o certo é o que defende faz parte de um dos cúmulos da ignorância, ação tola que inevitavelmente terá  consequências negativas respingadas em quem não tem nada a ver com a situação.

Uma piada mal contada agrada apenas o amigo elegante por conveniência. Para quem ainda não sabe, ou faz de conta que não sabe, se tratando de gestão pública, seja ela municipal, estadual ou federal, o papel dos detentores de cargos eletivos é o de buscar políticas para a melhoria de vida da população, proporcionando o bem-estar e garantindo condições para que serviços essenciais sejam oferecidos sem qualquer distinção - inclusive partidária - pois o povo é hegemônico.

Conforme a Constituição, a administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram satisfazer as necessidades da sociedade, como educação, saúde, infraestrutura, segurança, cultura e outros. Neste caso, tudo que for de encontro aos princípios estabelecidos não se caracteriza como público, e os agentes públicos responsáveis por fazerem cumprir estas determinações estão sujeitos a punições, mesmo que nem sempre sejam severas.

Prefeitos, governadores e presidente da República que acreditam ser 'empresários', administrando seus municípios, estados e o país como se fosse uma empresa privada, tratando servidores como seus funcionários particulares e o dinheiro público como se fosse fruto do lucro da venda de uma determinada mercadoria, estão fadados ao fracasso e bem próximos do xilindró, caso venham ser julgados e condenados por quem de direito.

Defender o errado em causa própria ou por simples birra não significa que o brio esteja protegido. Ao contrário, é um claro exemplo de egoísmo do corruptor. Ninguém que rouba faz algo de bom, pois tira a dignidade e compromete inclusive a vida dos que pregam o bem, as vítimas de um sistema cíclico e vicioso.

Aquele que tem a prerrogativa de comandar a partir de uma confiança depositada através de uma escolha coletiva, precisa, antes de qualquer atitude ilícita, respeitar as leis e não agir confiando na ingenuidade dos que lhe proporcionaram tal oportunidade.

É preciso desconstruir a ideia de que apenas as coleiras dos cachorros são diferentes.

Forte é o povo!

Gervásio Lima-jornalista e historiador