Representantes do turismo rebatem ideia de transformar o Grande Hotel de Juazeiro numa repartição pública

Representantes do turismo no Vale do São Francisco rebateram a ideia,encampada pelo deputado estadual Roberto Carlos, de incorporar a estrutura do Grande Hotel de Juazeiro à administração pública municipal, no esteio de um Projeto de Lei encaminhado pelo governo da Bahia à Assembleia Legislativa do Estado, propondo a venda de imóveis na capital e interior.

Em publicação anterior muita gente criticou a ideia, considerando que o Grande Hotel de Juazeiro tem uma importância histórica no desenvolvimento econômico, social e cultural da região.

Uma visita do deputado Roberto Carlos e da prefeita de Juazeiro, Suzana Ramos, ao governador Rui Costa, em que teriam, conforme publicação do deputado em suas redes sociais, sugerido a cessão do prédio do Grande Hotel ao município, para “ampliação do serviço de saúde pública, infraestrutura e criação de um Centro Administrativo Municipal", segmentos do turismo na região se manifestaram contra a proposta.

Jomar Benvindo, Presidente da Câmara de Turismo VSF/BA e do Conselho Municipal de Turismo, considerou a proposta prejudicial ao turismo na região: “A proposta é totalmente reversa a proposição de desenvolvimento e gestão para o turismo sustentável, pois este setor gera divisas através de 52 atividade econômicas que movem a economia local. Além da perda de leitos, o que aumenta mais ainda o déficit na hospedagem, em momento de crescimento do setor, também trará diminuição de receita tributária, desemprego, desvalorização do patrimônio, contribuindo com, a fragilidade já diagnosticada de uma gestão eficiente para recuperação da economia local e regional devido à crise sanitária. Transformar o Grande Hotel em Centro Administrativo é contribuir com a desestruturação do setor, uma visão equivocada para a gestão do turismo sustentável. Caso se concretize, será um desastre para o turismo, e consequentemente para a economia local”, disse.

Para Benvindo,o que o governo deveria fazer era se preocupar em aumentar a oferta de leitos: “Espero que as autoridades competentes do município e do estado entendam que o turismo é vetor de desenvolvimento. O caminho é dimensionar práticas de ampliação da oferta, não desestruturação e diminuição operacional”, declarou, considerando a ideia como “triste” e “na contramão de propostas para desenvolver o turismo, como atividade econômica e social geradora de trabalho, renda e divisas para o município”.

O empresário Luiz Rogério Rocha Pereira, administrador do Vapor do Vinho, a ideia vai afetar Juazeiro, causar prejuízos para o desenvolvimento do turismo em juazeiro e promover uma “migração de um fluxo de hóspedes para Petrolina”: “Essa iniciativa de transformação do Grande Hotel, em Centro Administrativo, vai na contramão do desenvolvimento do Enoturismo, e de outros roteiros que estão e serão implementados no período pós pandêmico em nossa região. Com a diminuição de hospedagem a cidade de Juazeiro-BA sofrerá com a migração de um fluxo de hóspedes para a fronteira Pernambucana, até porque já temos uma demanda de leitos insuficiente para atender aos visitantes e ou turistas em sua normalidade”, afirmou.

O deputado Roberto Carlos, por sua vez, considera que a proposta apresentada ao estado é no sentido de, caso seja autorizada sua venda, não ver o prédio transformado em residências ou utilizado para outros fins comerciais:” Fiz uma indicação ao governador para retirar da pauta de vendas, pelo estado, o Grande Hotel de Juazeiro e solicitei a doação ou concessão por 20 anos com renovação para mais 20 anos para a prefeitura com uma finalidade única de construir o Centro Administrativo Municipal. O Secretário de Administração, Etelvino Góes, solicitou que a prefeitura fizesse uma solicitação formal, justificando o pleito”, afirmou, declarando, no entanto, que, se provado que o fechamento do Hotel pode trazer consequências para o turismo e o desenvolvimento da economia do município, caso a Assembleia Legislativa autorize a venda vai propor uma emeda “ao projeto de venda para garantir que o próximo dono somente possa explorar para o ramo hoteleiro”.

Diante da resposta, considerada confusa, operadores do turismo na região estão em alerta e buscam o apoio da população para garantir que o Grande Hotel de Juazeiro continue sua missão de fortalecer a economia e manter viva sua tradição histórica.

Da redação redeGN