COVID-19: vacinação lenta de idosos levanta dúvidas. Autoridades dizem seguir plano nacional, enquanto STF exige detalhamento à União

De um lado, a vacina. Do outro, o braço à espera. E, no meio, uma longa distância entre definições das autoridades da área de saúde e a aplicação do imunizante contra a COVID-19. Por que está demorando tanto a chegar a homens e mulheres acima de 60 anos, não institucionalizados (não acolhidos em asilos), a primeira dose da CoronaVac/Butantan ou da AstraZeneca/Fiocruz? 

A pergunta é feita pelos mais interessados, os idosos, e por especialistas que não conseguem entender o porquê de muitos estados estarem à frente, alguns até aplicando a segunda dose.

Em todo o Brasil, 4.052.986 pessoas receberam até agora a primeira dose de vacina contra a Covid, de acordo com os dados coletados pelo consórcio de veículos de imprensa.

O total de vacinados com a primeira dose no Brasil chegou a 1,91% da população. Ou seja, o número está aumentando, mas é preciso acelerar esse processo para salvar vidas. Os cinco que mais aplicaram a primeira dose até agora são o Amazonas, Distrito Federal, Roraima, Mato Grosso do Sul e Bahia.

Até ontem dia 9, o estado de São Paulo chegou a mais de um milhão de pessoas vacinadas, enquanto o Rio de Janeiro registra 270 mil e Minas Gerais, 317,4 mil. Em MG, já foram imunizados 19,6 mil idosos, a maioria institucionalizados. No Rio, a prefeitura decidiu estender a vacinação este mês para pessoas de até 75 anos. De acordo com o calendário original, 220 mil idosos de 80 anos ou mais seriam vacinados, mas, com a chegada de 32,6 milhões de doses do imunizante, que serão distribuídos ainda em fevereiro, a prefeitura antecipou a vacinação da próxima faixa etária.

Segundo monitoramento disponibilizado pelo Ministério da Saúde, o estado do Rio de Janeiro já vacinou 23.893 pessoas acima de 80 anos, enquanto entre mineiros foram imunizados 8.966 na mesma faixa etária. Os dados de São Paulo não estão disponíveis na plataforma, que não faz distinção entre imunizados em asilos ou instituições semelhantes e a população em geral. Com dados mais atualizados, mas sem especificar idade, o governo de Minas informa já ter vacinado 19.658 idosos.
 
"Essa é a grande questão que não consigo entender, é a pergunta, no momento, a que as autoridades da área de saúde devem responder. A campanha de vacinação tem uma evolução diferente no Rio de Janeiro e em São Paulo, estados que estavam vacinando, há mais tempo, idosos não institucionalizados. Só agora, em Belo Horizonte, começou o cadastramento para quem tem 89 anos, então precisamos saber o que está ocorrendo, se se refere à organização", diz o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), médico infectologista Geraldo Cunha Cury.
 
Vale destacar que, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra COVID-19, lançado pelo governo federal em 16/12/2020,  estavam como grupos prioritários os trabalhadores de saúde, as pessoas de 75 anos ou mais, pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas, população indígena ladeada em terras demarcadas, comunidades e povos tradicionais ribeirinhos e pessoas de 60 a 74 anos. Pelo visto, esse último grupo vai ter que esperar muito pela primeira agulhada – ainda sem hora H nem dia D marcados.
 
Em nota,  a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que não há atraso na vacinação no município. "A prefeitura segue o cronograma nacional com os critérios definidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, do Ministério da Saúde. É fundamental que novas remessas de vacinas continuem chegando a Belo Horizonte para que os públicos imunizados sejam ampliados cada vez mais. Com isso será possível melhorar a situação epidemiológica e a pressão na assistência no município." E mais: "Na segunda-feira (8/2), foi iniciada vacinação, após realização de cadastro, de idosos a partir de 89 anos”.

redação redeGN com informações JN e Jornal Estado de Minas