Espaço do Leitor: ‘A emenda é pior que o soneto!’

Foto da manifestação em defesa da reabertura do comércio em Juazeiro.

Não sei se é incapacidade, incompetência ou má  fé de nossos governantes que sob o pretexto do combate ao ‘Coronavirus’ criam e recriam leis e decretos sem se preocuparem com efeitos, com as consequências e com os problemas que estas leis irão gerar na prática, tanto para o objetivo em si, o combate ao vírus, assim como para o cidadão em geral.

Fique em casa, use máscaras, evite agromeração, se precisar sair volte rápido, etc,etc !

É o que a gente mais ouve vindo dos nossas governantes que sob o pretexto do combate à Pandemia fecham o comércio, param a economia, lançam os menos afortunados para os limites do desepero, restringem os horários de ônibus, além de outras medidas restritivas, tudo isto, sem atentarem para o que vem a seguir por conta de seus decretos.

Veja um exemplo Geraldo: Na ultima quinta feira fui até uma loja de materiais para construção,  próxima de minha casa, para comprar ‘Aguarrás’ (diluente para tintas). Ao chegar  na loja deparei com ela fechada ,em frente a ela um grupo de aproximadamente umas 10 pessoas aguardavam a sua abertura, algumas sem máscaras, para variar.

Certamente, elas não sabiam, como eu também não sabia até então, que a loja estava fechada por conta do decreto do Prefeito. Sem a Aguarrás, tive de mudar meu planejamento no meu trabalho (pintar portas e janelas) atrasando meu cronograma deste dia, mas, tudo bem.

No dia seguinte voltei à mesma loja para comprar a Aguarrás praticamente no mesmo horário, por volta das 8:30 hs, encontrei a loja aberta, mas, com praticamente o dobro de clientes que tinha visto no dia anterior, só que agora, todos estavam  dentro da loja comprando, para variar,alguns sem máscaras.

Geraldo, se esta loja estivesse aberta no dia anterior, muitos dos clientes que ali estavam não mais estariam, pois já teriam comprado no dia anterior o que precisavam, assim, não precisariam voltar no dia seguinte.

Graças ao decreto, no dia anterior a loja permaneceu fechada e sem poder comprar o material que precisavam estes profissionais perderam um tempo precioso com atraso nas obras e certamente alguns tiveram prejuízos, e mais,ainda tiveram de retornar no  dia seguinte, ficando mais tempo nas ruas, correndo um risco ainda maior, pois a aglomeração como era de se esperar, foi inevitável.

Quanto ao distanciamento regulamentar exigido no decreto, nem pensar!

Alcool em gel, havia, mas, poucos fazendo uso.

Nesta segunda feira, voltei a esta loja para comprar um pincel, loja esta que permaneceu fechada no sábado, a qual, eventualmente também abre aos domingos e o que eu vi? Um numero de clientes ainda maior, ou seja, outra aglomeração!

Geraldo, ninguém vai a uma loja de materiais para construção para tomar uma cerveja, mas, para adquirir materiais para  realizar um trabalho numa construção e se for um profissional (não é o meu caso)  com ele ganhar seu pão.

Sendo assim, não seria mais lógico deixar as lojas de matériais para construção abertas todos os dias da semana, incluindo os domingos e feriados, pois desta forma os clientes teriam mais opções se distribuiriam por todos os 7 dias da semana e não se concentrariam só apenas em 3, formando, inevitavelmente, as condenáveis e condenadas aglomerações?

Conversando com o dono desta loja, ele me relatou que a média diária normal de clientes em seu estabelecimento  gira em torno de 20 a 25, o que da em torno 120 a 150 clientes semanais, os quais se distribuem ao longo dos 6 dias da semana, ou 7  dias, quando eventualmente abre aos domingos.

Contudo, devido ao fechamento imposto pelo decreto, todos estes profissionais, que não podem ficar parados, só  contam com  3,  ao invés dos 7 dias  na semana para fazerem suas compras, o que acaba provocando justamente o que se quer evitar, ou seja, aglomerações, que neste caso são ainda maiores e com mais riscos.

Com os transportes coletivos ocorre algo semelhante, ou seja, com a retirada de alguns horários das linhas  que servem os bairros periféricos, as pessoas que moram nestes bairros periféricos e que precisam do ônibus para se deslocarem até a área central da cidade ,se veem obrigadas a usarem  ônibus nos horários de pico, quando em situações normais  poderiam usa-los em outros horários e com mais folga, consequência,acaba ocorrendo  o inevitável resultado que se deseja evitar ou seja: coletivos lotados ,com passageiros em pé.

Ainda tem um agravante, ou seja, com a diminuição dos horários dos coletivos as pessoas se veem obrigadas a ficar mais tempo na rua, portanto, fora de suas casas.

Como se pode  constatar: A EMENDA É PIOR QUE  O SONETO!

Joaquim ferreira Mendes - Parque Centenário