Exclusivo: Reitor pro tempore da Univasf abandona reunião, fecha link e deixa Conselho Universitário indignado

O professor Paulo Cesar Fagundes Neves que exerce o cargo de reitor pro tempore (temporário) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), através de uma Medida Provisória que trata sobre o processo de escolha de dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) no caso específico da Univasf, a designação de reitor pro tempore ocorre em virtude do pedido de suspensão da lista tríplice à Reitoria da Univasf, "aprontou mais um ato que deixou a comunidade acadêmica perplexa".

Durante reunião com o Conselho Universitário (Conuni), o reitor pro tempore "se retirou da sessão de transmissão, sem ao menos pedir licença". A ação foi considerada uma falta de respeito com os conselheiros que participavam da reunião. "A ação do reitor pro tempore professor Paulo Cesar representa uma falta de respeito, uma ruptura. Comunidade universitária toda agredida".

A saída abrupta, segundo informações, aconteceu logo após, a aprovação da pauta sobre a transmissão via TV Caatinga das reuniões. "O reitor pro tempore fechou o link, mesmo com a sala virtual com amplo quorum".

O argumento usado pelo reitor pro tempore é que "tinha um compromisso". O Conselho Universitário é considerado o órgão máximo deliberativo. O atual reitor pro tempore vem recebendo diversas críticas da comunidade também estudantil e funcionários, desde assumiu o cargo, motivada por ação judicial.

A ação foi movida por uma das chapas que concorreu aos cargos de reitor e vice-reitor para o mandato 2020-2024, na consulta informal junto à comunidade acadêmica e à lista tríplice, tendo o Conuni indicado à Reitoria o nome do professor Telio Leite, em primeiro lugar, e dos professores Ricardo Santana e Michelle Christini, em segundo e terceiro, respectivamente.

Recentemente em meio à crise pelo novo coronavírus e sob comando interino de um reitor pró tempore (temporário), o Coronel Heitor Bezerra Leite foi nomeado Gerente administrativo do Hospital Universitário (Univasf). 

A nomeação foi publicada no Diário Oficial do dia 18 de maio e assinada pelo presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, general  da reseva do Exército Oswaldo Ferreira.

Vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, a Ebserh administra cerca 40 hospitais universitários. Oswaldo Ferreira comandou, ao lado de Augusto Heleno, atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o bunker dos generais que montou o plano de campanha de Jair Bolsonaro. Chegou a ser convidado a ser ministro da Infraestrutura, mas não aceitou e teria indicado Tarcísio Freitas.

Heitor Leite (Coronel Leite) é ex-secretário de educação de Petrolina, ex-comandante do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército, foi candidato a deputado estadual, pelo PP, mas deixou a legenda em novembro do ano passado, para ingressar no Aliança pelo Brasil, que luta contra o tempo para ser registrado.

Pelas redes sociais a nomeação recebeu críticas. "Univasf: Democracia e Resistência. Um espaço a serviço da luta por uma Univasf democrática e que resiste ao golpe e ao saque que atualmente está submetida. Militarização e ideologização das instituições. É curioso como nossa instituição tem analogias com o governo federal... o gestor e seu militar.... apesar do discurso dizer uma coisa.. a Univasf é intensamente ideologizada e se distancia das competências técnicas".

ENTENDA A NOMEAÇÃO: 
O Ministério da Educação (MEC) publicou no Diário Oficial a portaria nº 384, de 9 de abril de 2020 que designa o professor Paulo Cesar Fagundes Neves para o cargo de reitor pro tempore da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O ato ampara-se na Medida Provisória nº 914/2019 que trata sobre o processo de escolha de dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).

No caso específico da Univasf, a designação de reitor pro tempore ocorre em virtude do pedido de suspensão da lista tríplice à Reitoria da Univasf, elaborada pelo Conselho Universitário (Conuni), em novembro passado, e que está sub judice por decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).

A liminar é motivada por ação judicial  movida por uma das chapas que concorreu aos cargos de reitor e vice-reitor para o mandato 2020-2024, na consulta informal junto à comunidade acadêmica e à lista tríplice, tendo o Conuni indicado à Reitoria o nome do professor Telio Leite, em primeiro lugar, e dos professores Ricardo Santana e Michelle Christini, em segundo e terceiro, respectivamente.

Em recurso apresentado por um dos citados no processo judicial em curso, o professor Telio Leite e reitor em exercício, afirma a regularidade da formação da lista tríplice elaborada pelo Conuni. Telio Leite foi vice-reitor da Univasf em dois mandatos, 2012-2016 e 2016-2020, na gestão de Julianeli Tolentino.

Uma vez que o processo sucessório definitivo ainda aguarda a definição da lista tríplice encaminhada ao MEC, o cargo de dirigente da Univasf passou a ser exercido pelo reitor pro tempore professor Paulo Cesar Fagundes Neves.

Nomeado pelo Ministro Abraham Weintraub, Paulo César assume a reitoria mesmo sem ter seu nome na lista tríplice.

A decisão do MEC vem sendo questionada pela comunidade acadêmica. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) se posicionou contra a nomeação do professor Paulo César, afirmando em nota que o processo foi antidemocrático, já que toda a movimentação para suspensão da lista e nomeação foram “inconformes com o proceder democrático e iniciaram uma série de ataques com o objetivo de alterar este processo e desafiar de maneira assombrosa a vontade da maioria da comunidade acadêmica”, como afirmaram em nota pública. 

Redação redeGN