Rio São Francisco: pescadores e moradores do bairro Angari se preparam para "enchente" do Velho Chico

Em meio ao manto de notícias tristes que marcam os meios de comunicação nos últimos 30 dias desde que foi decretado estado de pandemia, devido o coronavírus, nesta quarta-feira (8), a informação do aumento da vazão da Barragem de Sobradinho, BahiA,  fez os ribeirinhos 'abrir um sorriso' e também ficar alerta.

Dentre todos os estados por onde passa, é na Bahia que o Rio São Francisco percorre o maior trecho. Juazeiro é um dos municípios que a partir desta quarta-feira (8), começa a sentir o aumento das águas do Opará (Rio que é mar na lingua indígena).

A redação da redeGN visitou pescadores e moradores do bairro Angari. A maioria já se prepara para o que eles denonimam "a enchente do Velho Chico", o retorno normal de sua correnteza. A dona de casa Anita dos Santos disse que no bairro Angari onde moram, nas margens do Rio todos devem ter a "conscientização de que o controle de cheias exercido pelas barragens e reservatórios, é limitado".

De acordo com Anita "depois de anos de seca a estátua do Nego D'agua vai ter água em sua volta. Já assistimos outras cheias e os problemas são os mesmos, mas as alegrias são maiores". Dona Anita se refere a baixa do Rio São Francisco, causada por uma das piores estiagens dos últimos 100 anos, em Juazeiro, norte da Bahia, que fez a escultura "Nego D’Água" aparecer na superfície da areia, quando antes ficava sob a água. A estrutura tem 12 metros de altura.

A Chesf informou que a partir desta quarta-feira (08) a defluência na barragem de Sobradinho vai sair dos 800m3 para 1.000m3 e na sequência, já nas primeiras horas da quinta-feira (09), para 1.400m3.  

Na nota a Chesf alertou para riscos de alagamento de áreas ocupadas em trechos considerados como “calha principal”. “É fundamental chamar atenção para o fato de que a depender das condições de atendimento ao SIN, poderá ocorrer a necessidade de aumento de geração da UHE Xingó acima dos valores supracitados. Neste sentido, evidencia-se fortemente a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio”, alertaram.

A redação da redeGN também conversou com o pescador Antonio Gonçalves dos Santos. Aposentado, ele é pescador amador, diz que acompanha de perto o dia a dia do rio e agradece a Deus a importância da enchente para o rio, meio ambiente e para os profissionais que dependem do Rio São Francisco.

“Fazia sete anos que não tinha enchente no rio e graças a Deus esse ano deu enchente. Nós que somos pescadores ficamos muito felizes com as chuvas e com essa enchente porque agricultores e pescadores, muita gente depende do rio. Com a cheia, muitos peixes se reproduzem, e isso é muito bom pra nós pescadores”, finalizou.

Na região de Juazeiro e Petrolina a vazão subindo atinge as prainhas situadas nas margens do Rio, além da Ilha do Rodeadouro e Ilha do Fogo.

Redação redeGN Fotos e Texto: Ney Vital