Reportagem Especial: Profissionais de Saúde se desdobram na guerra contra o coronavírus

Os aplausos ecoam pelo país, os gritos de "viva" saem a plenos pulmões e os agradecimentos se multiplicam. No foco de um Brasil, uma Juazeiro e Petrolina em estado de decretos e guerra devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), estão os doentes e casos suspeitos, mas também os profissionais de saúde. 

São médicos, enfermeiros, psicólogos,  técnicos e auxiliares de enfermagem, farmacêuticos, atendentes, encarregados da limpeza e demais funcionários de hospitais e centros recém-montados para atender a população. 

Durante horas dedicados ao trabalho, eles põem em prática o conhecimento para salvar vidas, a atenção contra o sofrimento humano, a técnica a serviço da informação e a higiene como arma para impedir o avanço do inimigo invisível.

O isolamento social necessário no combate à Covid-19 tem como exceção algumas áreas de atuação essenciais em que trabalhar de casa não é uma opção. Desempenham essas tarefas homens e mulheres que têm se esforçado dia e noite para garantir a oferta de serviços indispensáveis neste período de crise pandêmica: destaque para as enfermeiras e enfermeiros.

A reportagem da redeGn, ouviu trabalhadores da saúde. As enfermeiras contam como a rotina mudou e por que os cuidados se intensificaram.

A enfermeira e professora universitária Samara Morais, doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará, avalia que a saúde pública passa pelo grande desafio do enfrentamento mundial pelo Covid-19. "Os impactos dos serviços de saúde e aos profissionais linha de frente são nítidos o que já ocasionou  uma ampliação imediata dos leitos e uma exaustiva jornada de trabalho sobrecarregando a todos os profissionais envolvidos. Lidamos diariamente com a exposição ao vírus. O medo é presente no dia a dia de todos, uma vez que a alta incidência dos casos poderá ocasionar um verdadeiro caos ao sistema de saúde e não mais haver leitos suficientes para atender a demanda", diz Samara Morais.

A enfermeira Joanna Lyno trabalha há 9 anos na área. São mais de 80 horas por semana. Ela coordena dois postos de saúde em Petrolina,Pernambuco e também presta serviço num hospital particular. Joana revela que desde dezembro vem acompanhando o desenrolar desta pandemia com "muita angústia e ansiedade".

"Aqui em nossa região estamos tendo vários treinamentos. Os gestores e hospitais particulares, temos os equipamentos de proteção individual, mas o inimigo é invisível e pode estar em qualquer lugar e nós, profissionais da saúde, estamos muito expostos e mesmo obedecendo todas as regras podemos nos contaminar e isto causa medo", revela Joana. 

Uma foto na Itália viralizou relatando o trabalho de Paulo Miranda,  enfermeiro da unidade terapia intensiva (UTI) no único hospital de Cremona. Esta pequena cidade na região da Lombardia é o epicentro do surto do novo coronavírus na Itália. Como muitos de seus colegas, Miranda está trabalhando em turnos de 12 horas desde o último mês. Em suas fotos, ele deseja mostrar a força de seus colegas e também sua fragilidade. "Somos profissionais, mas estamos ficando exaustos. Hoje, sentimos que estamos nas trincheiras e todos estão com medo."

Joana aponta os desafios que virão durante este mês de abril. "Estamos no meio de uma guerra. Fiquem em casa. O coronavírus é uma ameaça real. Está sendo muito difícil tudo isso. Estamos assistindo muitos profissionais já afetados psicologicamente e só estamos no começo. Não sei como nós profissionais da saúde  vamos estar quando tudo isto passar. Repito: fiquem em casa", disse Joana.

A diretora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sônia Maria Soares, avalia que ninguém estava preparado, nem aqui nem no mundo inteiro. Satisfeita com o reconhecimento da sociedade, que tem homenageado os profissionais de saúde mundo afora, a diretora afirma que são agora os homens e mulheres de jaleco branco, às vezes também de azul e verde, que se tornam protagonistas de um capítulo dramático da história da humanidade. 

"Nossa força vem, junto da profissão que escolhemos, da vontade de ajudar o próximo em todos os momentos, ainda mais nesse de agora...tão difícil. É com amor mesmo que trabalhamos", finalizou Sonia.

Redação redeGN