Busca desnecessária por álcool gel e máscaras pode prejudicar atendimento hospitalar, diz médico infectologista da região  

O Médico Infectologista Dr. Washington Luís foi o entrevistado desta quinta-feira no quadro Conversa ao Pé do Balcão, na Bodega do Brocoió, na Rural FM, quando de forma esclarecedora tirou muitas dúvidas sobre o Convid-19, que vem se espalhando por todo o mundo, inclusive no Brasil, a partir da China.

De acordo com o médico infectologista, que atua no Vale do São Francisco, há muita distorção na divulgação do tema: “A preocupação que a gente tem, fala o tempo inteiro, é que a forma como se tem divulgado acaba com um entendimento distorcido, com relação à infecção”, disse.

De acordo como o Dr. Washington Luis, a preocupação no momento é conter a chegada rápida do vírus, como ocorreu em outros países, para que seja possível desenvolver uma vacina em tempo hábil. Ele reforçou que a população não tem que ficar assustada: “É um vírus como outro qualquer, que circula por aqui, em qualquer época do ano. O cuidado que tem que ter nesse momento é, se possível, evitar ambientes de grande circulação, fechados e ter os cuidados relativos a higiene, sempre que for possível”, explicou.

O infectologista explicou ainda que a doença provoca maior preocupação quando atinge idosos e fumantes: “Esse vírus, pelo que foi informado até então, pela China, que é quem tem mais conhecimento, é que não tem potencial de agressividade. Normalmente quando a gente respira o ar vai entrar pelo nariz ou pela boca e ele vai chegar até uma região  que é chamada traqueia. Então, essa região normalmente bloqueia a entrada da maioria dos vírus que a gente tem contato, que a gente respira. O problema é algumas pessoas perdem esse mecanismo de proteção da traqueia. Normalmente quem são essa pessoas? São pessoas idosas, porque tem um envelhecimento natural do aparelho respiratório ou pessoas que fumam. Os fumantes devem estar bem atentos a isso, porque eles perdem essa musculatura de proteção respiratória, então o vírus, que não iria descer até a parte mais profunda, ele consegue e chegando lá, dependendo da resposta que o corpo tiver, das defesas, ele pode ter uma doença mais grave, ou não. Tudo depende da condição do paciente”, relatou.

Questionado sobre o que muda no trato do assunto com um possível aumento da quantidade de casos confirmados, Dr. Washington disse que “O Ministério da Saúde planejou que a partir de cinco casos dentro do país, a estratégia vai mudar. Hoje como é que eles fazem: Em Pernambuco, por exemplo, tem dois hospitais de referência pra acomodar  e hospitalizar pacientes  que tenha coronavírus  de forma grave.  Se esse número aumentar, de pessoas que não viajaram, superar esse número de cinco, por exemplo, vai ter que criar outras unidades de referência no país inteiro, de forma geral, como a gente chama, descentralizar. Por exemplo:  Em Juazeiro e Petrolina a gente vai ter que ter algum serviço que coloque esses pacientes, porque a estratégia até então era bloquear a entrada, a partir do momento que ganha característica de circulação, ai o cuidado agora, não é mais bloquear a entrada, o cuidado agora é você poder ter um lugar para cuidar dos pacientes que vão ficar doentes, principalmente para aqueles que tem problemas respiratórios”, destacou.

A preocupação com a busca de álcool gel e máscaras é desnecessária disse o médico: “Quem não tem álcool gel lava com água e sabão. O que evita é lavar as mãos. O cuidado, a precaução continua sendo a mesma, não tem necessidade de correria, angústia, não há necessidade de usar máscara na rua, primeiro porque você tá num ambiente aberto. É possível usar máscara numa situação que você vai  num ambiente de saúde, onde tem pessoas  doentes, com grande chance de contaminação. A utilização de máscara, como a gente vê na TV é coisa cultural de países orientais, especialmente Japão e China. Eles tem isso como cultura, não é uma questão meramente de saúde, eles fazem isso por questão de segurança, aqui não há nenhum tipo de orientação de utilizar”, explicou.

Washington alertou que essa correia por álcool gel e máscaras pode inclusive prejudicar os serviços de saúde, que já sentem a falta do produto tão necessário na rede hospitalar: “Faço um apelo para que parem com essa correria para comprar máscaras, gel. Por exemplo, hoje no hospital que eu trabalho, estamos tendo dificuldade para comprar álcool gel, você imagine? O local que precisa mais de utilizar o álcool gel não tem, não consegue ter, por falta do produto no mercado e lá sim é necessário. A gente pede que a população pare de fazer esse movimento, que termina prejudicando o serviço de saúde”, explicou.

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