Curaçá: 52 ararinhas azuis iniciam quarentena e fase de adaptação à caatinga

O último dia 3 de março foi um dia histórico para a comunidade do município de Curaçá, Bahia. Conforme mostrado nas edições da redeGN Blog Geraldo José, inclusive com reportagens especiais, cinquenta e dois exemplares de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) retornaram ao seu lar: a caatinga baiana. 

As aves vieram da Alemanha, por meio da organização não-governamental alemã Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP) que, em parceria com o Governo Federal (representado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e Ministério do Meio Ambiente), repatriou as aves para o Brasil.

As aves chegaram em um voo fretado vindo da Alemanha e desembarcaram em Petrolina (PE).  A próxima etapa será a quarentena das aves no Refúgio de Vida Silvestre Ararinha Azul, unidade de conservação que foi criada em 2018 especialmente para receber e proteger as aves. 

Elas ficarão num Centro criado especialmente para elas, com 30 hectares. A quarentena, que durará 21 dias, é um período de observação para verificar e garantir a saúde das aves. O analista ambiental do ICMBio, Ugo Vercillo, explica que qualquer transferência de um animal traz risco de saúde sanitária, pois eles trazem potenciais patógenos de um lugar para o outro. Por causa de uma questão de segurança, apenas um número muito restrito de pessoas poderá ter contato com as ararinhas-azuis.

Após a quarentena, a equipe de especialistas começa a etapa de adaptação. Como sempre viveram em cativeiro, as ararinhas-azuis vão passar por um período de “testes”. No Centro, as aves vão aprender e desenvolver habilidades básicas para que possam sobreviver sozinhas. Inicialmente, suas aves-irmãs, as maracanãs, devem ser soltas juntas a um grupo inicial de ararinhas-azuis para que estas possam aprender com as maracanãs a como sobreviver na natureza.

Não se via uma ararinha-azul pelos céus do sertão nordestino desde 2000, quando o último espécime, um macho, desapareceu. Desde a década de 80, são feitos esforços para conservar a espécie, focados especialmente na última população selvagem conhecida, que residia nos arredores de Curaçá.

Fotos: Ney Vital