Tragédia anunciada: Secretário alertou em 2004 que Museu Nacional do Rio podia sofrer incêndio

O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, passou por incêndio de grandes propoções na noite deste domingo (2), e desde 2014 sofre com seguidos cortes no orçamento. Mais antigo do país, o Museu Nacional é subordinado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vem passando por dificuldades geradas pelo corte no orçamento para a sua manutenção. 
 
A instituição está instalada em um palacete imperial e completou em junho 200 anos -foi fundada por d. João 6º em 6 de junho de 1818. A instituição não estava recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manutenção e apresenta sinais visíveis de má conservação, como pareces descascadas e fios elétricos expostos.

Seu acervo, com mais de 20 milhões de itens, tem perfil acadêmico e científico, com coleções focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biológica, entre outras. "O maior acervo é este prédio, um palácio de 200 anos em que morou d. João 6º, d. Pedro 1º, onde foi assinada a Independência. A princesa Isabel brincava aqui, no jardim das princesas, que não está aberto ao público porque não tenho condições", disse à Folha em maio Alexander Kellner, 56, diretor do Museu Nacional.

Em 2004, numa matéria da EBC - Empresa Brasil de Comunicação, o secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, chamava à atenção para o risco de incêndio. Confira:

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, localizado na Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, zona norte da cidade, corre o risco de ser destruído por um incêndio. A denúncia é do secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, que constatou várias irregularidades durante visita que fez ao museu há três semanas. O secretário disse ter ficado impressionado com a situação das instalações elétricas que, segundo ele, estão em estado deplorável. "O museu vai pegar fogo. São fiações expostas, mal conservadas, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade com o patrimônio histórico", afirmou o secretário.

Na próxima semana, Wagner Victer vai levar o problema ao Conselho Estadual de Cultura, para que medidas urgentes sejam tomadas. O secretário defende um esforço concentrado do governo federal e a liberação de verbas significativas para evitar que o museu seja destruído por causa da falta de preservação.

O diretor do museu, Sérgio Alex Azevedo, reconhece que a situação elétrica do museu é realmente bastante complicada. Disse que a crise já dura 40 anos e se agravou nas duas últimas décadas por causa do descaso e da demora de liberação de verbas. Segundo ele, em dezembro do ano passado foi feita uma vistoria que constatou que as instalações elétricas do prédio são inadequadas e que era urgente à implantação de um sistema de combate a incêndio.

O laudo, de acordo com Sérgio Alex, foi encaminhado aos Ministérios da Educação, da Cultura e de Ciência e Tecnologia, que prometeram uma verba de R$ 40 milhões para uma reforma no prédio.

O Museu possui o mais importante acervo de história natural da América Latina. São nove mil metros quadrados de exposições permanentes e temporárias, cursos de pós-graduação, eventos, seminários, exibição de vídeos e atividades especiais para menores, inclusive carentes. O museu abriga três coleções de importância internacional: a de paleontologia (com ossadas de animais brasileiros pré-históricos), a de arte indígena e a egípcia, comparável, segundo especialistas, às dos mais importantes museus do mundo.

Com informações da Folhapress e EBC Fonto NBM