CBF tem novo diretor: Gustavo Perrella, dono do helicóptero apreendido com 445 kg de cocaína

Confederação Brasilileira de Futebol continua cada vez mais atrelada a políticos. O mais novo integrante do grupo é o ex-deputado estadual por Minas Gerais, Gustavo Perrella, 34 anos, nomeado em janeiro diretor de Desenvolvimento e Projetos da entidade. Para quem não conhece, Gustavo é filho do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), ex-presidente do Cruzeiro e um dos mais influentes parlamentares da Bancada da Bola no Congresso Nacional. A nomeação de Gustavo foi revelada pelo repórter Sergio Rangel na edição da Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (06).

A CBF confirmou a informação e, em nota enviada ao jornal, disse que a escolha se deve à “experiência na condução de programas de desenvolvimento do esporte” que Gustavo tem no currículo – ele deixou o Ministério do Esporte do governo Temer no início de 2018. No futebol mineiro, o novo diretor da CBF é conselheiro vitalício do Cruzeiro. Seu pai, Zezé, é presidente do Conselho Deliberativo do clube e alguns de seus assessores no futebol foram denunciados na operação da Polícia Federal em 2017 que envolveu Aécio Neves no caso da JBS.

Gustavo também ficou conhecido em todo país no polêmico e mal esclarecido episódio do helicóptero com 445 kg de cocaína apreendido pela Polícia Federal em 2013 no Espírito Santo. Registros apontam que a aeronave pertencia à empresa de propriedade de Gustavo. Ele e seu pai foram investigados naquela operação e não foram responsabilizados pelo transporte da droga.

Segundo relata a Folha, “Gustavo é réu em dois processos que vêm sendo conduzidos pela Justiça de Minas Gerais. Em um deles, é acusado de usar cerca de R$ 14 mil de verba indenizatória da Assembleia Legislativa do estado para arcar com combustível para helicóptero de uma empresa da família. No outro, é investigado por ter supostamente criado um cargo fantasma para o piloto da aeronave, preso na operação de 2013”.

Nos quadros da CBF aparecem mais políticos: os deputados federais Vicente Cândido (PT), sócio de Marco Polo Del Nero em um escritório de advocacia em São Paulo e diretor de Assuntos Internacionais da CBF, e Marcelo Aro (PHS-MG), diretor de Relações Institucionais.

Walter Feldman, secretário-geral da CBF, um dos cargos mais importantes da entidade, nunca esteve ligado ao futebol antes de ser nomeado por Del Nero em 2015. Feldman tem trânsito livre com políticos. Já foi secretário de governo de José Serra (PSDB) em São Paulo, do ex-prefeito Gilberto Kassab e assessor especial de Marina Silva (Rede) na campanha presidencial de 2014.

De acordo com relato da Folha, Gustavo Perrella deve fazer parte da nova diretoria da CBF sob a presidência de Rogerio Caboclo. As eleições estão previstas para dia 17 de abril quando Cabloco deve ser referendado por pelo menos 25 presidentes das 27 Federações Estaduais e pela maioria dos clubes das Séries A e B do Brasileirão.

Romário, senador pelo Podemos-RJ, protocolou na semana passada no Ministério Público Federal (MPF) um pedido de cancelamento da eleição na CBF. O documento é chancelado ainda pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), José Medeiros (Pode-MT), Magno Malta (PR-ES) e os deputados Otávio Leite (PSDB-RJ), Silvio Torres (PSDB-SP), João Derly (Rede-RS) e Ezequiel Teixeira (Pode-RJ).

Na representação ao MPF, Romário diz que houve fraude na composição do colégio eleitoral da CBF com a mudança dos estatutos da entidade reduzindo poder de voto dos clubes.

“Não há dúvidas, portanto, que, a atual direção da Confederação Brasileira de Futebol manipulou o seu colégio eleitoral para, por meio de manobra ilegal de alteração estatutária, manter o controle de seus votos e continuar a impedir a democratização do futebol brasileiro”, diz trecho do documento.


 

Carta Capital com informações Sergio Rangel-Folha de S. Paulo