Vereadora Marielle Franco é assassinada a tiros no Rio de Janeiro

Caloura na Câmara dos Vereadores, Marielle Franco se elegeu em 2016 com um resultado expressivo não só pela quantidade de votos — foi a quinta mais bem votada, com o apoio de 46 mil eleitores — mas pela força simbólica de sua campanha. Representando as bandeiras do feminismo e dos direitos humanos, levou para o debate eleitoral a defesa dos moradores de favelas. Ela foi assassinada na noite desta quarta-feira, no Centro do Rio do Rio de Janeiro.

O motorista, que guiava o carro, também foi morto. Ele ainda não foi identificado. De acordo com as primeiras informações, Marielle voltava de um evento na Rua dos Inválidos, na Lapa, quando um carro parou ao lado do veículo de seu motorista na Rua Joaquim Palhares, próximo ao metrô, e dois bandidos dispararam, fugindo em seguida. O veículo ficou com diversas marcas de tiro na lateral. 

Uma terceira pessoa, ainda não identificada, também foi baleada no local. PMs do 4º BPM (Praça da Harmonia) e Bombeiros foram acionados e a via foi interditada. A Delegacia de Homicídios (DH) faz a perícia.

"É muito chocante, é muito violento. Ela lutava pela paz e pela Justiça. Tudo indica que não foi assalto. É tudo muito precário e chocante. Em um momento que o Rio está sob intervenção, uma pessa da importância da Marielle sobre esse tipo de violência e barbárie. Vou pedir uma apuração rigorosa, pois isso não pode ficar no rol dos 90% dos crimes que não são esclarecidos. Ela fazia parte da Comissão da Câmara que fiscalizava a intervenção. Não quero ser leviano, mas isso tem que ser apurado com celeridade. É imprescindível", disse o deputado federal Chico Alencar. "Infelizmente, ela estava incomodando muito", disse uma liderança do Psol, que pediu pra não ser identificada.

"Ela estava muito alegre e animada. Eu ainda bati um papo com ela. Estou surpreso por tudo que aconteceu", disse o vereador Paulo Pinheiro.

Marielle nasceu no Complexo da Maré, era socióloga e foi eleita Vereadora da Câmara do Rio com 46.502 votos. Se formou pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado do deputado Marcelo Freixo. Ela decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e perder uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes na Maré.

No domingo, Marielle denunciou uma ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. Segundo ela, moradores reclamaram da truculência dos policiais durante a abordagem a moradores. Ela compartilhou uma publicação em que comenta que os rapazes foram jogados em um valão. De acordo com moradores, no último sábado, os PMs invadiram casas, fotografaram suas identidades e aterrorizaram populares no entorno.

Procurada pelo DIA, a PM confirmou que realizou uma operação na comunidade ontem, mas não confirmou as mortes nem falou sobre as denúncias. "Segundo o comando do 41ºBPM (Irajá), na manhã de sábado, policiais militares do batalhão atuaram em Acari, na Zona Norte do Rio. Durante a ação, policiais foram recebidos a tiros ocorrendo confronto e, após vasculhamento na área, foram apreendidos 40 frascos de lança perfume, 65 kg de pó branco e 1.050 frascos de cheirinho da loló. Ocorrência encaminhada para registro na 39ª DP (Pavuna)", disse a corporação em nota.

O Dia - Rádio Globo