Foram encontrados 3 registros para a palavra: Daniel Medeiros

Artigo - Por que acreditamos que estudar História não é importante?

Agostinho de Hipona dizia que só temos o presente para viver. Hoje, principalmente entre os jovens, esse apelo hedonista soa bastante convidativo, afinal, o que importa é sentir a vida, intensamente, “amar como se não houvesse amanhã", como no verso do poeta que morreu precocemente. No entanto, a elaboração de Santo Agostinho sobre o tempo é um pouco mais complexa do que nossa vã sabedoria pode traduzir em um post de 140 caracteres.

Há três presentes para viver e não apenas um. Há, sim, o presente do presente, que é o mundo da percepção, que nos dá a referência das coisas: grande, pequeno, longe, perto, quente, frio, doce, amargo, e por aí vai. Mas há também o presente do passado, que é a memória, que nos fornece o conteúdo das coisas, dando a elas sua consistência, seu estofo, sua espessura...

Artigo: Artesão do vazio

Sou professor e, ao contrário do que rezam as lendas urbanas disseminadas em milhares de grupos de WhatsApp, tenho trabalhado para além de minhas forças. Mas terei, a partir de hoje, uma semana de folga e, desde já, penso nesse espaço de far niente que se apresenta no meu horizonte imediato. E a pergunta que me achaca é: o que fazer no período de não fazer trabalho? 

Ouço meus alunos e eles me dizem: “vamos dormir muito, assistir séries e jogar video game". Ou seja, deixar a mente em suspenso, sem atividade, apenas consumindo imagens e fazendo gestos determinados pelos brinquedos eletrônicos. Ensimesmo-me. O que há de diferente nessas atividades programadas para a semana de férias, do cotidiano de suspensão da mente, consumo de imagens e gestos determinados?..

Artigo - O homem que disse não ao AI-5

Daniel Medeiros*

"Acrescento, senhor presidente, que da leitura que fiz do Ato Institucional, cheguei à sincera conclusão de que o que menos se faz nele é resguardar a Constituição, que no seu artigo 1º declara-me preservada. Eu estaria faltando um dever para comigo mesmo se não emitisse, com sinceridade, esta opinião. Porque, da Constituição - que, antes de tudo, é um instrumento de garantia de direitos da pessoa humana, de garantia de direitos políticos - não sobra, nos artigos posteriores, absolutamente nada que possa ser realmente apreciável como sendo uma caracterização do regime democrático.  (…) Pelo Ato Institucional, o que me parece, adotado esse caminho, o que nós estamos é (…) instituindo um processo equivalente a uma própria ditadura.”..