Espaço do Leitor: Juazeiro: Frágil Capital Político

Prezado Geraldo, espero não estragar seu final de semana, mas sua indignação com os políticos de nossa cidade é a minha também. Sem exceção, quando raciocino do movimento da cidade para o futuro.

Juazeiro: Frágil Capital Político

Ouvi seu desabafo sobre fragilidade política dos políticos de Juazeiro Bahia, isto fica comprovadamente desde muito, quando comparamos o movimento da cidade de sua origem aos dias de hoje.

Vamos refletir sobre modelos políticos que pensaram a cidade para o futuro: permitiram destruir nosso patrimônio edificado de arquitetura neo-colonial de características próprias de uma cidade pujante á época; do ciclo do gado, navegação com seu porto disputado movimentando a economia, posterior a isto o ciclo da agricultura irrigada.

Agora pensemos os símbolos que retratam estes ciclos de "crescimento econômico", qual local se valor que está sendo dedicado a eles:

a. O ciclo do gado representado pela dimensão histórica da árvore centenária do "Juazeiro antigo", março zero, sítio de nossa história de origem, onde os vaqueiros descansavam; hoje caída, morrendo e pedindo socorro, face ao abandono das municipalidades.

b. O ciclo da navegação, simbolicamente representado pelo Saldanha Marinho (1o Valor a navegar no rio São Francisco), trazido a mando do Imperador D. Pedro II da Europa para Juazeiro, patrimônio municipal desconhecido sua história, bem como descaracterizado em sua função turística;

c. Ciclo da agricultura irrigada, tem no aqueduto o equipamento representativo da agricultura, a partir do advento das ciências agrarias na região com a 1a unidade superior nossa querida FAMESF, desconhecido por muitos inclusive a produtores, autoridades do  seu local de valor.

Consequências hoje deste desleixo administrativo, tem nas gerações futuras a fragilidade identitária nos munícipes, que não estão sendo educados para o sentimento de pertencer a Juazeiro, este existindo pelo relações das pessoas, pelas políticas públicas estamos fragilizados no estímulo a cidadania. Isto tem trazido prejuízos refletidos nas relações diversas, inclusive nos políticos de poder, quando identificamos várias perdas.

Esta é nossa triste realidade no século XXI, onde decisões equivocadas dos políticos destes últimos 146 anos , identificado na  fragilidade do capital político atual, onde se pensarmos o movimento da cidade para o futuro percebemos que foram incoerentes e incompetentes em permitir destruição de patrimônios estratégicos para atividades, que hoje seria diferencial na oferta,  estou me referindo ao turismo, por exemplo, e por ser interdisciplinar, outras áreas do conhecimento sofrem estas consequências.

Atividade econômica que recupera economias, gera trabalho, arrecada tributariamente, inclui socialmente. Mais uma prova da incompetência dos gestores para o movimento da cidade como desenvolvimento, desconhecendo a posição estratégica desta atividade na economia local e regional.

A cultura como saber fazer de um povo, em sua cadeia produtiva associada, também desconhecida seu local de valor, pois não tem sido prioridade política, não é também percebida como um dos vetores de desenvolvimento. E nossa maior riqueza com esgotos sendo lançados in natura pelas cidades ribeirinhas, sem cumprimento da Lei de saneamento.

Politicamente a fragilidade dos partidos e seus representantes é gritante, aqui outro exemplo, quando se percebe que as superintendências de órgãos Federal estão na sua maioria em outro território.... Por que os políticos da região não conseguem indicar os superintendentes? Agora mesmo já está sendo apontado o novo superintendente do Incra (sede em outro território vizinho), e mais uma vez vamos perder para bancada Pernambucana.

 Agora a pergunta que não quer calar: onde está a diferença da bancada que conquista politicamente estas superintendências?

 Estamos envoltos num ciclo vicioso que está cada vez mais fragilizando nosso território, quando pensamos o capital político e suas políticas de modelos econômicos local e regional, desfigurando nossa identidade.

Será que a população percebe a culpabilidade para esta situação? Será que ela atribui a responsabilidade destes políticos? Uma coisa fica evidente, as decisões de resolutividade das demandas sociais são resolvidas neste ambiente político de poder! Assim temos que estar "atuantes", "partícipes" deste processo de escolhas destes homens e mulheres públicos com mais qualificação,  para evitar escolher políticos descompromissados com o movimento da cidade, a partir das causas ou demandas sociais, econômicas, ambientais, histórico e cultural para as próximas gerações. Porque até momento, raríssimas exceções, estiveram atendendo a pelo menos um dos eixos da sustentabilidade.

Na verdade, pensaram sob a ótica do crescimento econômico.

Século XXI com as problemáticas: climáticas, sócias, investimentos, tecnologias, inovação... Temos que ter políticos com visão e compromisso com o movimento da cidade para o futuro, amando Juazeiro com cidadania, buscando decisões estratégicas para o desenvolvimento sustentável.

Desafio em tanto, preocupante, pois não tenho visto em discursos, temas cruciais para sobrevivência identitária e oportunidades vocacionadas.

Jomar Benvindo

Câmara de Turismo VSF BAHIA